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Política & Poder

‘Missão cumprida’, diz Rodrigo Rollemberg em balanço final de gestão

Arquivo Geral

14/12/2018 11h01

Foto: Myke Sena/Jornal de Brasília

Jéssica Antunes
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A 17 dias de completar o mandato, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) fez, nesta sexta-feira (14), o balanço dos quatro anos da gestão do Distrito Federal. Ele usou a calmaria da Praça do Buriti para comparar ao fim dos trabalhos de Agnelo Queiroz (PT), que conviveu com frequentes manifestações de servidores com salários atrasados no último ano à frente do GDF. Para Ibaneis Rocha (MDB), o atual chefe do Executivo garantiu entregar uma situação fiscal “mais tranquila”, com R$ 600 milhões em caixa.

“Quero registrar com profunda alegria que me sinto com a alma leve, com missão cumprida, realizado e gratificado pela confiança da população de Brasilia. Em nenhum momento cedemos ao populismo, à demagogia, a soluções fáceis. Fizemos o que era correto e não pensando na eleição. Agimos sempre pensando na população. Esse foi o compromisso que assumi comigo mesmo já nos primeiros dias de governo. Jamais trairia a confiança da população”, discursou o governador, que não conseguiu se reeleger este ano.

Rollemberg fez um mea-culpa. “Faço humildemente o reconhecimento que erramos. Não fizemos tudo o que gostaríamos de ter feito, mas fizemos o melhor. Os primeiros anos foram muito difíceis. Em alguns momentos duvidei da nossa capacidade de vencer diante de tanta dificuldade. Estamos chegando em uma passagem de ano sem as aflições do fim da gestão passada”, valorizou.

Comparação com o governo anterior
O governador voltou a falar do cenário fiscal encontrado ao assumir o posto, com um deficit nas contas públicas calculado em R$ 6,5 bilhões em um cenário de crise econômica nacional. Agora, usa o equilíbrio das contas públicas como legado após a redução de despesas, corte de cargos comissionados e enxugamento da máquina pública.

“A diferença de como estava o DF em dezembro de 2014 comparado a dezembro de 2018 pode ser vista por essa praça (do Buriti). Naquela época, era um ambiente de muita tensão e preocupação, com manifestações de servidores e terceirizados que não sabiam o que seria do ano seguinte. Podemos dizer que tivemos um 2018 tranquilo, com poucas manifestações exatamente em função da coragem de tomar as medidas necessárias para colocar as contas em ordem”, valorizou. Rollemberg diz que “praticamente toda a dívida” herdada foi paga.

Foto: Myke Sena/Jornal de Brasília

Para o início de janeiro, a projeção é que o governador eleito tenha R$ 600 milhões em caixa – já empenhada e liquidada a antecipação de férias de 1/3 dos professores da rede pública. “Acabamos com a pedalada da segurança. Vamos pagar o salário dos servidores de dezembro com o duodécimo do mês do Fundo Constitucional. Isso não acontecia há muitos anos”, descreveu o gestor. Ele ainda defendeu que o “equilíbrio fiscal é para garantir que o estado possa prover serviços públicos de qualidade”.

Transparência
Para prestar contas e apontar os feitos à frente do Palácio do Buriti, o governo lançou um portal que indica ações iniciadas e concluídas no período, como o fechamento do Lixão da Estrutural, que foi o maior da América Latina, a desobstrução da Orla do Lago Paranoá e as obras de infraestrutura no Sol Nascente, que tirou da região o status de favela.

“É muito importante que a população saiba o que nosso governo fez para que tenha um registro histórico”, explicou o socialista. No site, acessado pelo Portal da Transparência do GDF, também há destaque para os prêmios e reconhecimentos internacionais conquistados pela equipe do socialista.

Além disso, estão disponíveis os andamentos das obras iniciadas que vão ficar sob responsabilidade de Ibaneis Rocha (MDB) a partir de 1º de janeiro. Como, por exemplo, o sistema produtor de água Corumbá, as obras de mobilidade do Trevo de Triagem Norte e do viaduto do Eixo Sul que desabou em fevereiro, unidades de saúde, creches e programas habitacionais. “Estamos deixando tudo pronto para o próximo governo apenas entregar”.

“Como uma pessoa apaixonada por Brasília, desejo sucesso para o próximo governo. O sucesso do governo é o sucesso da cidade. Após as eleições, reunimos todos para determinar que facilitasse ao máximo as informações para o próximo governo tenha mais facilidade do que tivemos quando assumimos a cadeira”, discursou o governador, que foi aplaudido pelos convidados para a solenidade.

Foto: Myke Sena/Jornal de Brasília

Ponto a ponto
De acordo com Rollemberg, a Saúde da capital foi assumida com R$ 650 milhões de serviços prestados sem contrato. “Fizemos em todos os serviços e agora temos apenas 11 alugueis sem contratos. O novo governo aposta de uma forma que certamente facilitará a próxima gestão da saúde”, afirmou. O governador também valorizou a ampliação da atenção à saúde e considerou a criação do Instituto Hospital de Base como um “grande feito”. Com a inauguração de mais um bloco do Hospital da Criança, o governador comemorou a abertura de outros 200 leitos de UTI.

“A situação ainda está aquém do esperado pela população, mas é preciso contextualizar. Pegamos a gestão com aproximadamente R$ 600 milhões em dívidas, o que atrapalhou. Tínhamos uma cobertura de 30% do Saúde da Família e vamos entregar com 68%. O novo modelo de gestão do Hospital de Base melhorou muito o atendimento, vai servir de referência para o Brasil e fez com que o diretor fosse convidado para ser Secretário de Saúde de Goiás”, elencou.

Desafio extra da gestão, a maior crise hídrica da história da capital levou a população a um inédito cenário de desabastecimento e racionamento de água por um ano e meio. O governo pensa que as medidas para enfrentamento conseguiram o equilíbrio do abastecimento. Ao mesmo tempo, ganham destaque as obras para garantir o aumento do fornecimento de água, como os sistemas produtores do Bananal e do Lago Norte, além das obras do Sistema Corumbá.

Rollemberg diz que teve “avanços no combate à grilagem”, com a desobstrução da Orla do Lago Paranoá e regularização de áreas e condomínios. Tido como um dos pontos centrais do governo, o ordenamento territorial contou com a entrega de mais de 63 mil escrituras de residências em regiões historicamente ocupadas, venda direta de lotes residenciais em condomínios e entrega de novas unidades habitacionais.

Na área da segurança pública, o gestor destacou, mais uma vez, a queda em todos os índices criminais acompanhados pelo programa Viva Brasília – Nosso Pacto Pela Vida. “Comparado aos quatro anos do mandato anterior, temos 792 homicídios a menos. É, disparada, a maior redução do Brasil e temos a menor taxa de homicídios dos últimos 32 anos. Também estamos com 408 menos morte no trânsito que a gestão passada”, destacou, como já havia feito na semana passada, no último balanço divulgado pela Secretaria da Segurança Pública.

Foto: Myke Sena/Jornal de Brasília

 

Deixou para trás
Algumas das promessas de campanha de 2014 ficaram para trás, como a expansão do metrô até a Asa Norte, a construção do Hospital do Câncer, a realização de concurso público para as administrações regionais, a reforma do Teatro Nacional e a ampliação do sistema de mobilidade urbana, por exemplo.

O plano de governo que o elegeu – intitulado como Cidade, Cidadão, Cidadania – incluía a “conclusão das estações do metrô na Asa Sul e a extensão de linhas para Asa Norte, Samambaia e Ceilândia”. Obras foram iniciadas nas Estações 106 Sul, da 110 Sul e da Estrada-Parque, mas a ampliação das linhas para Asa Norte, Ceilândia e Samambaia nem sequer começaram. O corredor de transporte coletivo Norte, ligando o Plano Piloto a Sobradinho e Planaltina, também não saiu do papel, assim como a construção do viaduto sob o centro de Taguatinga.

Saiba mais
Nesta sexta-feira (14), uma sessão extraordinária na Câmara Legislativa do Distrito Federal deve votar os projetos Zoneamento Ecológico e Econômico e o novo Código de Obras. Para o governador, a expectativa é que ambos saiam aprovados para “destravar a cidade e prover desenvolvimento econômico”.

Em vez de um relatório impresso, a gestão preferiu fazer uma grande apresentação do site elaborado pela equipe para uma grande plateia. Apesar da intenção, a internet do Palácio do Buriti deixou todos na mão. O site teve problema para abrir e se manter. Não deu outra: Rollemberg teve que se virar.


Desafios da próxima gestão  

Em uma série de reportagens especiais, o Jornal de Brasília apresenta os principais feitos em diversas áreas do GDF nos últimos quatro anos e aponta os principais desafios que Ibaneis Rocha (MDB) deve enfrentar a partir do dia 1º de janeiro, após a posse. Confira as matérias que já foram publicadas:

» Saúde:
Saúde agoniza e implora por atenção
Gestão de hospitais é um dos pontos mais polêmicos no DF

» Mobilidade:
Mobilidade urbana está longe do ideal no DF
Irregularidades no sistema de bilhetagem e diminuição dos veículos prejudicam brasilienses

» Educação:
Novo governo precisa modernizar educação no DF
Ausência de estrutura, incentivo e segurança em escolas são desafios para novo governo 

» Habitação:
Ter uma moradia vai muito além de um teto
Problemas na habitação do DF vão desde o déficit de moradias

» Segurança:
Números atuais mascaram a realidade
Desafio de equilibrar orçamento em benefício comum

 

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