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Política & Poder

Militares ganham a Educação

Ex-oficial da Marinha e economista, Carlos Alberto Decotelli é ligado aos generas Mourão e Villas-Boas

Redação Jornal de Brasília

26/06/2020 8h18

Sai o complicado Ministro da Encrenca Abraham Weintraub, agora às voltas com a forma complicada como entrou nos Estados Unidos. Entra em seu lugar um discreto oficial da reserva da Marinha, economista, pós-graduado na Alemanha e professor da Fundação Getúlio Vargas.

Na queda de braço pelo controle do Ministério da Educação, perdeu a ala ligada ao dublê de filósofo e astrólogo Olavo de Carvalho e venceu o grupo militar, no caso mais alinhado ao vice-presidente Hamilton Mourão.

Conservador

Embora não se deva reputar ao novo ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli, neutralidade – ele é conservador, como é conservador o governo eleito -, a escolha recaiu pela necessidade de um nome que fosse menos polêmico e afeito a disputas que o complicadíssimo ministro que saiu às pressas do MEC.

Professor da Fundação Getúlio Vargas e da Fundação Dom Cabral, Decotelli era um dos integrantes do grupo de militares que se reunia em uma uma sala no subsolo de um hotel de Brasília pra construir a candidatura Bolsonaro. Vencida a eleição e, formado o governo, com a escolha de Ricardo Vélez para o Ministério da Educação, foi escolhido para cuidar do milionário Fundo Nacional da Educação (FNDE). Com cerca de R$ 3 bilhões em caixa, o FNDE é a principal fonte de financiamento do ministério.

Ali, Decotelli já teve suas primeiras diferenças com os olavistas – um sinal de que talvez sua vida não seja das mais tranquilas no MEC.

FNDE

Quando o desastrado Ricardo Vélez foi substituído pelo complicado Weintraub, Decotelli deixu o FNDE, que foi entregue a uma indicação do DEM, Rodrigo Sérgio Dias, que acabou exonerado pouco tempo depois. No lugar, Weintraub colocou Karine Silva dos Santos. Em junho, ele trocou Karine por um indicado do Centrão, Marcelo Lopes.

Ligado a Mourão e ao ex-comandante do Exército, general Villas-Boas, Decotelli tem uma visão que contrasta com as ideias mais de esquerda na educação, que consideram que o principal problema está no aprendizado. Ele prega que o problema está na gestão.

De qualquer modo, segundo fontes que trabalharam com ele no FNDE, não compartilha das ideias de Weintraub e dos mais radicais de que é preciso promover uma guerra santa no setor, que estaria infestado pelas ideias comunistas. Esse tipo de visão fez com que o MEC perdesse capacidade de interlocução com as secretarias nos estados e municípios. Acredita-se que, agora, alguma capacidade de interlocução possa ser trazida de volta.

Renato Feder

Na disputa pelo cargo, Decotelli acabou ultrapassando o secretário de Educação do Paraná, Renato Feder. Com relação às ideias sobre educação, Feder era considerado ainda mais conservador que Decotelli. Mas sua escolha, ainda assim, esbarrou em óbices na família Bolsonaro. Pesou contra ele o fato de ter feito doação para a campanha de João Dória (PSDB) ao governo de São Paulo.

“É um claro sinal de espaço limitado do presidente, que já está reciclando autoridades que ele mesmo demitiu porque ele não tem capacidade de atrair quadros para o seu governo, diz o Diretor de Estratégia Política do Todos pela Educação, João Marcelo Borges. “O mais importante nesse momento é pacificar o diálogo, estabilizar a crise em torno de MEC e construir as soluções”, completou. (Com informações da Agência Estado)

Saiba Mais

Carlos Alberto Decotelli é o primeiro negro no primeiro escalão do governo Jair Bolsonaro.

Além do apoio da ala militar (além de Mourão e Villas-Boas, tem também o apoio da Marinha, força da qual é oriundo), Decotelli teve também o aval do ministro da Economia, Paulo Guedes.

O secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, esteve de fato próximo de assumir o Ministério da Educação no lugar de Abraham Weintraub.

Ele reuniu-se duas vezes com o presidente Jair Bolsonaro, e discutiu com ele inclusive planos de retomada da educação no momento pós-pandemia.

Houve, porém, dúvidas quanto a como ele se posicionaria em questões ideológicas defendidas pelo governo. Mas principalmente pesou a desconfiança de uma possível ligação com João Doria.

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