A denúncia feita nesta terça-feira, 21, pelo Ministério Público Federal de Brasília contra o jornalista Glenn Greenwald causou reações de políticos de diferentes partidos no Twitter. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), classificou a denúncia como uma “ameaça à liberdade de imprensa”. “Jornalismo não é crime. Sem jornalismo livre não há democracia”, escreveu.
O MPF denunciou Glenn e outros seis investigados no âmbito da Operação Spoofing, que apura invasão e roubo de mensagens de celulares de procuradores da força-tarefa da operação Lava-Jato e do então juiz Federal Sérgio Moro.
Procuradoria ressaltou que o jornalista não era alvo das investigações, mas que, durante a análise de um computador apreendido na casa de Walter Delgatti Netto, o ‘Vermelho’, foi encontrado um áudio de um diálogo entre Luiz Molição e Glenn. Uma liminar do ministro do STF Gilmar Mendes proibia que o jornalista fosse investigado no âmbito da Spoofing.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também se manifestou e saiu em defesa de Glenn Greenwald, dizendo que o jornalista é “vítima de mais evidente abuso de autoridade contra a liberdade de imprensa e a democracia”.
Minha solidariedade ao jornalista @ggreenwald, vítima de mais um evidente abuso de autoridade contra a liberdade de imprensa e a democracia.
— Lula (@LulaOficial) 21 de janeiro de 2020
Já o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), compartilhou a notícia da decisão da Promotoria e disse que “quem sabe (Glenn) vai conhecer a cadeia”. “Glenn Greenwald sempre disse que adorava o Brasil e queria conhecer o país a fundo. Quem sabe agora vai conhecer até a cadeia… talvez jogar futebol com o Freixo…”, postou.
Glenn Greenwald sempre disse que adorava o Brasil e queria conhecer o país a fundo.
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) 21 de janeiro de 2020
Quem sabe agora vai conhecer até a cadeia… talvez jogar futebol com o Freixo…https://t.co/bpuNFMDRPr
O senador e ex-governador Álvaro Dias afirmou que “Glenn e seus comparsas têm grandes chances de puxar uma longa cana”. “Um verdadeiro rosário de crimes praticados. O Glenn Greenwald e seus comparsas tem grandes chances de puxar uma longa cana. Tudo isso com concurso de pessoas e concurso material, várias pessoas praticando vários crimes, e algumas qualificadoras”, escreveu Dias.
Um verdadeiro rosário de crimes praticados.
— Alvaro Dias (@alvarodias_) 21 de janeiro de 2020
O Glenn Greenwald e seus comparsas tem grandes chances de puxar uma longa cana.
Tudo isso com concurso de pessoas e concurso material, várias pessoas praticando vários crimes, e algumas qualificadoras. #EquipeAlvaroDias pic.twitter.com/fKmrTbgY4R
A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP), jurista e uma das autoras do pedido de impeachment de Dilma Rouseff (PT), também defendeu a denúncia. “Sugiro àqueles que estão criticando a denúncia ofertada, no DF, a leitura das páginas 52 a 62 do documento, em especial os diálogos”, disse.
Respeito muito as liberdades de expressão, manifestação e Imprensa. Respeito também todas as manifestações que enaltecem essas liberdades. Por isso sugiro àqueles que estão criticando a denúncia ofertada, no DF, a leitura das páginas 52 a 62 do documento, em especial os diálogos
— Janaina Paschoal (@JanainaDoBrasil) 21 de janeiro de 2020
Esquerda critica. Outros políticos ligados à esquerda se manifestaram com críticas à ação da Promotoria, como os deputados Ivan Valente (PSOL-SP), Sâmia Bomfim (PSOL-SP), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Gláuber Braga (PSOL-RJ), Marcelo Freixo (PSOL-RJ) e a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR).
A ex-deputada e candidata à vice-Presidências nas eleições de 2018, Manuela D’Ávila (PCdoB) também classificou a denúncia como um ataque à imprensa. “A Polícia Federal após longa investigação declarou que Glenn não cometeu nenhum crime e que agiu com muita cautela. Estamos diante de um forte ataque à liberdade de imprensa!”, afirmou.
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) – que é ex-juiz federal – considera “muito difícil sustentar juridicamente” a denúncia e a classificou como “terraplanismo jurídico”. Já o ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT) classificou a ação do procurador como “sem pé nem cabeça”.
Muito difícil sustentar juridicamente uma ação penal contra direitos constitucionais atinentes ao sigilo de fonte no jornalismo e contra uma liminar do Supremo. Parece mais um terraplanismo jurídico, que está em moda nesses tempos de trevas.
— Flávio Dino 🇧🇷 (@FlavioDino) 21 de janeiro de 2020
O também candidato presidencial em 2018 Guilherme Boulos (PSOL) ironizou a denúncia do Ministério Público. “O MPF denunciou Glenn Greenwald. Acusação: fazer jornalismo”, afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo