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Política & Poder

Justiça manda União cumprir decisão que obrigou Bolsonaro a entregar exame

A Presidência da República se recusou a fornecer os dados via Lei de Acesso à Informação, argumentando que elas “dizem respeito à intimidade, vida privada, honra e imagem

Redação Jornal de Brasília

08/05/2020 18h05

Brazilian President Jair Bolsonaro speaks to the press while leaving the Forum Of The Americas at the InterContinental Miami in Miami, Florida on March 10, 2020. (Photo by Zak BENNETT / AFP)

A juíza Tatiana Pattaro Pereira, da Justiça Federal de São Paulo, determinou nesta sexta-feira (8) que a União seja intimada para cumprir a decisão que obrigou o presidente Jair Bolsonaro a entregar “todos os laudos” dos exames que realizou para verificar se foi infectado ou não pelo novo coronavírus.

A decisão da juíza foi tomada após o desembargador André Nabarrete, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), confirmar o entendimento da primeira instância, que garantiu ao Estadão acesso aos documentos.

“Ante a decisão proferida no agravo de instrumento nº 5010203-13.2020.4.03.0000, conforme documento anexado aos autos, intime-se a União acerca do teor da referida decisão, com urgência, por mandado, para que seja dado o devido cumprimento”, determinou Tatiana.

Depois de questionar sucessivas vezes o Palácio do Planalto e o próprio presidente sobre a divulgação do resultado do exame, o Estadão entrou com ação na Justiça na qual aponta “cerceamento à população do acesso à informação de interesse público”, que culmina na “censura à plena liberdade de informação jornalística”. A Presidência da República se recusou a fornecer os dados via Lei de Acesso à Informação, argumentando que elas “dizem respeito à intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas, protegidas com restrição de acesso”.

Recurso

A Advocacia-Geral da União (AGU) decidiu nesta sexta-feira acionar o Superior Tribunal de Justiça (STJ) para derrubar a decisão. Até a publicação deste texto, o presidente do STJ, ministro João Otávio de Noronha, não havia apreciado o recurso da AGU.

Em entrevista ao site jurídico JOTA, Noronha antecipou a sua posição e afirmou ontem que “não é republicano” exigir que os documentos sejam tornados públicos.

Para o presidente do STJ, Bolsonaro não deve ser obrigado a divulgar os exames. “Não é porque o cidadão se elege presidente ou e ministro que não tem direito a um mínimo de privacidade. A gente não perde a qualidade de ser humano por exercer um cargo de relevância na República”, disse Noronha em entrevista ao site jurídico JOTA.

Na avaliação do presidente do STJ, “não é nada republicano querer exigir que o presidente dê os seus exames”. “Eu não acho que eu, João Otávio, tenho que mostrar meu exame para todo mundo, eu até fiz, deu negativo. Mas vem cá, o presidente tem que dizer o que ele alimenta, se é (sangue) A+, B+, O-? Há um mínimo de intimidade a ser preservada”, afirmou Noronha. “Outra coisa, já perdeu até a atualidade, se olhar, não sei como está lá, o que adianta saber se o presidente teve ou não coronavírus se foi lá atrás os exames?”, indagou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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