Nesta terça-feira (18) o site The Intercept divulgou mais um trecho das conversas entre o então juiz da Operação Lava Jato e hoje ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e procuradores da Força-Tarefa, como o coordenador do grupo em Curitiba, Deltan Dallagnol.
Um diálogo publicado na noite desta terça pelo veículo on-line, Moro chegou a repreender Dallagnol por dar andamento a uma investigação contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Confira o diálogo vazado:
Moro – 09:07:39 – Tem alguma coisa mesmo seria do FHC? O que vi na TV pareceu muito fraco?
Moro – 09:08:18 – Caixa 2 de 96?
Dallagnol – 10:50:42 – Em pp sim, o que tem é mto fraco
Moro – 11:35:19 – Não estaria mais do que prescrito?
Dallagnol – 13:26:42 – Foi enviado pra SP sem se analisar prescrição
Dallagnol – 13:27:27 – Suponho que de propósito. Talvez para passar recado de imparcialidade
Moro – 13:52:51 – Ah, não sei. Acho questionável pois melindra alguém cujo apoio é importante
Na época a Lava Jato sofria uma série de ataques que a acusavam de ser seletiva e de poupar políticos do PSDB. As discussões haviam sido inflamadas meses antes, quando o então juiz Moro aparece sorrindo em um evento público ao lado de Aécio Neves e Michel Temer, apesar das acusações pendentes de corrupção contra ambos.
As primeiras mensagens divulgadas pelo site The Intercept, na noite do dia 9 de junho, mostraram a suposta interferência do então juiz da Operação Lava Jato, Sergio Moro, nas investigações da força-tarefa. O atual ministro da Justiça e Dallagnol teriam trocado colaborações durante as investigações. A publicação afirmou ter uma série de mensagens privadas, gravações em áudio, vídeos, fotos e documentos judiciais. Até o momento, havia divulgado seis partes do material.
Em conversas entre Moro e Dallagnol, o magistrado teria sugerido ao procurador que trocasse ordem de fases da Lava Jato, cobrado agilidade em novas operações, dado conselhos estratégicos e pistas informais de investigação e recomendado recursos e até notas oficiais ao Ministério Público.
Moro era coordenador da Lava Jato na época em que os supostos diálogos divulgados pelo site teriam ocorrido e responsável pela condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à prisão devido ao processo conduzido pelo ex-juiz referente à propriedade de um apartamento triplex, localizado no balneário do Guarujá, no litoral de São Paulo.
Após as primeiras publicações, ainda apresentou-se repercussões nas quais diálogos no Telegram indicam que Moro chegou a orientar como a força-tarefa deveria proceder com a imprensa para rebater as argumentações da defesa do ex-presidente. Moro era titular da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR) e teria ajudado a construir a estratégia para a imprensa para fazer frente ao que chamou de “showzinho da defesa” do petista.
No sábado (15) o Ministério da Justiça e Segurança Pública divulgou nota à imprensa, na qual afirma que o ministro Sergio Moro “não reconhece a autenticidade” nem comentará supostas mensagens de autoridades públicas colhidas “por meio de invasão criminosa de hackers”.