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Política & Poder

Hacker disse à Manoela D’Ávila que obteve conversas que possibilitavam libertar Lula

Walter Delgatti Neto teria conseguido acesso a um suposto grupo no qual estavam ministros do STF

Willian Matos

01/11/2019 9h41

Da redação
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No dia 12 de maio de 2018, o “hacker” que invadiu contas de aplicativos de conversa (como Telegram e WhatsApp) de procuradores que atuavam na Operação Lava-Jato, Walter Delgatti Neto, chegou até a então candidata à vice-presidência da República pelo PT, Manuela d’Ávila. Ele teria invadido a conta de Telegram do senador Cid Gomes para falar com Manuela. À ocasião, ele disse: “Dá para soltar Lula hoje.”

Há cinco meses, a Polícia Federal investiga a invasão nos celulares dos procuradores que atuavam na força-tarefa da Lava Jato. Conforme consta em inquérito, ao qual a revista Veja teve acesso, os suspeitos interceptaram conversas entre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

No dia 12 de maio, enquanto comemorava o Dia das Mães, Manuela recebeu uma mensagem, supostamente de Cid Gomes. Ele dizia: “Consegue confiar em mim?”. Ela, então, respondeu: “Sim. 100%.”

Em seguida, o hacker, Walter Delgatti Neto, “se revelou”. Ele disse que não era o Cid e que precisava contar com Manuela. “Olha, eu não sou o Cid. Eu entrei no telegram dele e no seu. Mas eu tenho uma coisa que muda o Brasil hoje. E preciso contar com você”. Estranhando a situação, Manuela preferiu não responder. Em seguida, o suspeito enviou um print de uma conversa dela com o ex-deputado Jean Wyllys para provar que ele realmente tinha acesso às conversas. O hacker prossegue e afirma: “Eu entrei no telegram de todos membros da força tarefa da lava jato. Peguei todos os arquivos. Dá para soltar Lula hoje. Derrubar o MPF.”

No dia seguinte, Delgatti voltou a mandar mensagem para Manuela, desta vez se identificando como “Brazil Baronil”. Novamente, ele insistiu em dizer que tinha diálogos capazes de invalidar os processos da Lava-Jato.

“Eu tenho uma conversa da carmem (Cármen Lúcia, ministra do STF) dizendo sobre a norte [morte] do sobrinho do Lula. Fazendo até piada. E ainda ela disse exatamente assim: quem faz mal para outrem, um dia o mal retorna, e pode ser até no sobrinho.”

O hacker disse que, após a suposta fala de Cármen, Rosa Weber, também ministra, “saiu do grupo na hora!”. Para o suspeito, o diálogo mostrava a imparcialidade do STF no caso, o que poderia invalidar os processos da operação.

Manuela, então, teria dito ao homem para entrar em contato com o jornalista Glenn Greewald, do The Intercept Brazil. Desde o dia 9 de junho, o site tem divulgado conversas obtidas com exclusividade a respeito dos personagens da política brasileira — entre eles, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.

As investigações da Polícia Federal ainda não concluíram se a invasão dos celulares dos ministros do STF aconteceu, de fato. Citados pela reportagem, Luís Roberto Barroso e Rosa Weber negam que tenham formado qualquer grupo de aplicativo entre eles. Cármen Lúcia não havia respondido até a última atualização desta matéria.

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