Menu
Política & Poder

‘Há movimento claro para anular condenações e impedir investigações’, diz Moro

O ministro afirmou que a Polícia Federal está investigando o caso e manifestou expectativa de que o trabalho chegue nos responsáveis

Lindauro Gomes

19/06/2019 11h41

Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) realiza audiência pública para ouvir o ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública, sobre informações e esclarecimentos a respeito das notícias veiculadas na imprensa relacionadas à Operação Lava Jato.rrEm destaque, ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.r rFoto: Pedro França/Agência Senado

Em audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, apontou que há movimento de um “grupo criminoso” para anular condenações, impedir investigações e atacar instituições por trás da divulgação de supostas mensagens trocadas por ele com procuradores da Lava Jato durante a operação.

“Todas as hipóteses estão abertas. Não é um grupo de pessoas despreparadas; me parece ser um grupo de pessoas que parece ter muito dinheiro”, declarou Moro, ao ser perguntado pelo senador Marcos do Val (Cidadania-ES) se suspeitava do envolvimento de estrangeiros na invasão de celulares. “Pode ser que tenha havido um estrangeiro, não necessariamente poder estrangeiro”, respondeu.

O ministro afirmou que a Polícia Federal está investigando o caso e manifestou expectativa de que o trabalho chegue nos responsáveis. Ele declarou que não interfere nem acompanha as diligências.

Moro fez um apelo para que o Congresso se concentre no presente e no futuro, e não em “falsos escândalos”. “Não tenho nenhum problema com a divulgação de material, desde que não adulterado ou veiculado como sensacionalismo, como de fato foi feito.” Ele negou que tenha sido parcial na condução dos julgamentos e disse que as decisões foram submetidas a instâncias recursais superiores.

“Qual é o conluio? Qual é a convergência? O que havia no fundo era muita divergência. Agora, também houve parcial convergência, não quer dizer que eu, absolvendo alguém, tenha conluio com advogado e que, condenado alguém, tenha conluio com o Ministério Público”, declarou, citando que, dos 291 acusados, 211 foram condenados e 63 foram absolvidos.

Moro questiona provas ilícitas e cita má-fé de ‘mensagens adulteradas’

Durante audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado nesta quarta-feira, 19, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, se manifestou contra a introdução de provas ilícitas em um processo. Ele separou o posicionamento, no entanto, do caso envolvendo as supostas mensagens com procuradores durante a Operação Lava Jato.

Para Moro, não há boa intenção ao “introduzir provas ilícitas que podem ter sido ainda adulteradas, editadas, mudadas, e que são utilizadas aqui não para proteger o inocente, estão sendo utilizadas aqui para minar os esforços anticorrupção”.

Embates

Moro protagoniza embates localizados com parlamentares ao falar sobre o caso na CCJ do Senado. O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) defendeu o trabalho da Lava Jato, mas questionou a parcialidade do ex-juiz e perguntou a Moro se ele seria a favor de usar provas ilícitas em processos criminais, como defendeu o pacote das dez medidas de combate à corrupção apresentado pelo Ministério Público Federal.

“Me espanta falar em mérito da operação Lava Jato”, disse o ministro ao parlamentares. “Pelo que entendi da sua fala, o senhor defende a anulação de tudo então, todas as denúncias condenações, devolver o dinheiro para Renato Duque, Paulo Roberto Costa… (diretores da Petrobras condenados na Lava Jato)”, afirmou o ministro. O senador afirmou que Moro estava colocando palavras na sua boca.

Em outro momento, o líder do PSD no Senado, Otto Alencar (BA), declarou que Moro tinha “péssima memória”. Na CCJ, o ministro afirmou que é impossível lembrar de todo o conteúdo de mensagens trocadas há dois ou três anos. A presidente do colegiado, Simone Tebet (MDB-MS), pediu ordem aos senadores.

Defensores de Moro, entre eles senadores do PSL, sentaram nas cadeiras da frente no plenário da comissão e defenderam o ministro em suas falas. Houve parlamentares governistas que chegaram a reservar lugares para colegas. Além disso, alguns deputados favoráveis a Moro foram ao Senado acompanhar a audiência.

 

Estadão Conteúdo

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado