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Política & Poder

GDF diz que a prioridade de contrato será equipe de UTI

Arquivo Geral

17/01/2018 7h00

Foto: Kléber Lima

Francisco Dutra
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A falta de servidores concursados para destravar leitos hospitalares paralisados é a principal chaga no quadro de pessoal na saúde pública do Distrito Federal. Na sequência, a rede é fragilizada pela carência de mão de obra na atenção especializada secundária, representada por ambulatórios e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). No caso da educação, o hiato de professores em sala de aula é a deficiência mais preocupante.

Dando prioridade para sanar as deficiências de pessoal da saúde e educação, o governo Rollemberg (PSB) pretende injetar R$ 170 milhões para a nomeação de concursados, com verba reservada em 2017 e o remanejamento de recursos previdenciários e de depósitos judiciais na Câmara Legislativa. O quantitativo de convocados por área será definido pelo próprio governador nas reuniões da Governança. O Buriti planeja divulgar o calendário de convocações a partir de fevereiro.

Neste sentido, todas as pastas estão mapeando as receptivas debilidades de pessoal. Segundo o secretário adjunto de Assistência à Saúde, Daniel Seabra, a carência de médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e demais profissionais da rede bloqueia, aproximadamente, 600 dos 4.100 leitos convencionais da rede. Entre as 400 Unidade de Terapia Intensiva (UTIs), 65 estão paradas pela ausência de mão de obra.

“Estamos dimensionando tudo serviço à serviço, dentro da carteira de atendimento de cada hospital. Os leitos não podem abrir sem farmacêuticos, nutricionistas e outros profissionais de suporte”, explica. No diagnóstico de Seabra, o reforço da atenção secundária é o segundo passo vital para a rede, pois complementa justamente a ampliação da atenção primária, cujo objetivo é levar o Saúde da Família para 70% do DF até meados deste ano.

A subsecretária de Gestão de Pessoas, Kelly Cristina, pretende ter em mãos a quadro detalhado da carência de professores no começo deste novo ano letivo. A explosão de aposentadorias é uma das razões para o drama de pessoal da pasta. No ano passado, 2.300 servidores se aposentaram na pasta, deste total 1.500 foram professores. Até 2015, a média era de 1.000. As nomeações diminuirão a contratação de professores temporários, que foi de 8 mil profissionais em 2017.

Sindicalistas reclamam

Sindicatos de servidores julgam a promessa de nomeações do governo como um movimento essencialmente eleitoral. “Com certeza é pensando na eleição deste ano. Inclusive, vamos ficar atentos ao dinheiro do Iprev (Instituto de Previdência dos Servidores). Lá na frente, esse dinheiro vai secar e não vai ter dinheiro para as aposentadorias”, pondera o diretor do Sindicato dos Professores (Sinpro), Samuel Fernandes.

A despeito de rusgas políticas, a categoria estima uma carência de 2.000 professores em sala de aula e 700 orientadores educacionais nas escolas. Na leitura do sindicalista, para não nomear concursados o governo disfarça, irregularmente, o problema com a contratação de temporários.

As críticas da educação encontram eco na saúde. “É uma covardia que vai assassinar a aposentadoria dos servidores. Lá na frente, esse dinheiro vai chorar”, dispara a presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Brasília, Marli Rodrigues.

Duvidando da capacidade de gestão do governo, a dirigente não acredita que as novas nomeações poderão melhorar as condições de trabalho e o atendimento da população. “Para um governo sem competência, não adianta gastar R$ 1 mil ou R$ 1 milhão. Ele teve três anos e não fez nada”, afirma.

PONTO DE VISTA

Considerando o calvário burocrático necessário para as nomeações, a professora de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília (UnB) Carla Pintas prevê que os primeiros resultados positivos começarão a ser vistos em meados deste ano. A especialista aprova a estratégia de convocações do Palácio do Buriti. “A mídia pode até interpretar como eleitoreira. Mas não vejo assim. É um processo natural de reorganização da rede. As nomeações não poderiam ser intempestivas, sem critério. A falta e equipe para os leitos é problema mais gritante da rede. Depois vem a deficiência de recursos humanos para a atenção secundária. Então que bom que está sendo assim”, pondera a professora. Além de impossiblitar legalmente a abertura de leitos, a insuficiência de pessoal sobrecarrega a mão de obra existem, aumentando o risco de erros médicos e sabotando a sáude dos próprios servidores.

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