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Política & Poder

Força-tarefa da Lava Jato teria ironizado luto de Lula em morte de Marisa

Procuradores ainda temeram ida do ex-presidente ao enterro do irmão, morto por um câncer. “Vai dar ruim”, teria dito um deles

Willian Matos

27/08/2019 9h32

Former Brazilian president Luiz Inacio Lula da Silva cries next to the priest and supporters in the wake of Marisa Leticia, the wife of him, in Sao Bernardo Do Campo, near Sao Paulo, Brazil February 4, 2017. REUTERS/Nacho Doce

Willian Matos
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Diálogos obtidos pelo site The Intercept Brasil e publicados pelo portal UOL nesta terça-feira (27) mostram que integrantes da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba ironizaram a morte da ex-primeira dama Marisa Letícia, esposa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Marisa morreu vítima de um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico, no dia 3 de fevereiro. Antes, no dia 27 de janeiro, quando a ex-mulher de Lula já sofria com problemas de saúde, o procurador Januário Paludo, em conversa com Deltan Dallagnol, decidiu fazer uma suposição a respeito.

“Um amigo de um amigo de uma prima disse que Marisa chegou ao atendimento sem resposta, como vegetal”, teria dito o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa em Curitiba. Em seguida, Januário Paludo responderia: “Estão eliminando as testemunhas…

No dia 2 de fevereiro, um dia antes da morte de Marisa, a procuradora da República, Laura Tessler, teria sugerido que seria necessário paciência para a “sessão de vitimização”, dando a entender que Lula tentaria se aproveitar politicamente da perda da esposa. “Quem for fazer a próxima audiência do Lula, é bom que vá com uma dose extra de paciência para a sessão de vitimização”, escreveu. 

“Vai dar ruim”

Além da ironia a morte de Marisa, os procuradores teriam conversado a respeito da ida de Lula ao enterro do irmão, Vavá. Ele morreu no dia 29 de janeiro de 2019, vítima de câncer.

O procurador Athayde Ribeiro Costa teria feito um comparativo sobre o que aconteceria caso Lula fosse liberado ou não, temendo a popularidade do ex-presidente e que ele utilizasse do espaço para se promover. “Mas se não for, vai ser uma gritaria e um prato cheio para o caso da ONU [Organização das Nações Unidas]”, teria dito.

O procurador Orlando Martello, por sua vez, teria pensado:  “A militância vai abraçá-lo e não o deixarão voltar. Se houver insistência em trazê-lo de volta, vai dar ruim!”.

No chat, Antônio Carlos Welter teria concordado com a PF, mas disse acreditar que Lula tinha o direito de ir ao enterro do irmão. “Eu acho que ele tem direito a ir, mas não tem como”. Januário Paludo, então, responderia: “O safado só queria passear e o Welter com pena”. Laura Tessler teria comentado: “O foco tá em Brumadinho… logo passa… muito mimimi”.

Procurada pela reportagem do UOL, a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba disse que não poderia se manifestar sem ter acesso integral às conversas.

 

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