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Política & Poder

Exposição com charges envolvendo Bolsonaro é retirada da Câmara de Vereadores

Vereador que propôs a mostra alega ter sido censurado

Lindauro Gomes

04/09/2019 9h47

Letícia Perdigão
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A exposição “Independência em Risco” promovida pelo vereador Marcelo Sgarbossa (PT) foi retirada, nesta terça-feira (4), da entrada do plenário da Câmara de Vereadores de Porto Alegre. O motivo são imagens com conteúdo que envolve o presidente Jair Bolsonaro (em um deles, Bolsonaro aparece “lambendo” o calçado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump). Para Sgarbossa, o término antecipado da exposição caracteriza censura.

O vereador relata que foi procurado pelo grupo para disponibilizar o espaço público. Ele, que se classifica como um “facilitador”, entrou em contato com a direção, que a autorizou. A mostra reúne 36 desenhos de 19 cartunistas da Grafistas de Associados do Rio Grande do Sul (Grafar) e deveria permanecer no espaço até o dia 29 deste mês. No entanto, depois de 12 horas de inauguração, ela foi fechada por funcionários da Câmara.

“Não é uma exposição petista, é uma exposição de chargistas e cartunistas”, assegura o vereador. “A charge pode ser exagerada, mas é a forma que o artista achou. Quem representa mais o Brasil do que o presidente?” continuou Sgarbossa. As críticas, segundo ele, não são direcionadas apenas ao presidente da República. O ministro da Justiça Sérgio Moro e Donald Trump também estavam presentes nas imagens.

O entendimento da presidente da Câmara, Mônica Leal, não foi o mesmo. De acordo com ela, o pedido feito pelo vereador de maneira eletrônica informava que o título do projeto era “Rir é Risco” e incluía “uma charge bem bonita”. Conteúdo diferente do que ela viu nesta terça, conforme relata a vereadora. “É um desrespeito. Ele é presidente da nação brasileira. Fosse o presidente que fosse. Não porque é desse ou daquele partido”.

Entre as obras, a que mais ganhou visibilidade nas redes sociais mostra Jair Bolsonaro de joelhos diante de Donald Trump. Segundo o autor da charge, Carlos Latuff, a obra não é direcionada diretamente ao presidente, mas faz alusão à “subserviência” do Brasil aos Estados Unidos. Latuff, se diz preocupado com a retirada da mostra. Para ele, o encerramento precoce da exposição pode sinalizar um movimento de cerceamento ao pensamento artístico no país. “Se tem uma democracia, que os artistas, os jornalistas, o teatro e o cinema possam se expressar” completa o artista.

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