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Política & Poder

Estudos mostram que doenças causadas pelas más condições de trabalho são as mais comuns em servidores da Saúde

Arquivo Geral

03/04/2017 6h00

Atualizada 02/04/2017 21h58

Reprodução

Francisco Dutra
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As doenças que mais afligem os servidores da Secretaria de Saúde do Distrito Federal são depressão, ansiedade, hipertensão e os males do aparelho locomotor – artrites e artroses. O diagnóstico preocupante é a síntese de duas pesquisas independentes, uma traçada pelo Instituto Dados e outra feita pela própria pasta. Segundo médicos, enfermeiros e demais profissionais da área, as doenças são causadas pelas péssimas condições de trabalho, geradas pelo sucateamento da rede pública.

Feita em dezembro do ano passado, a pesquisa Dados ouviu 540 servidores ativos e 60 inativos. Segundo o estudo, a hipertensão é a doença mais nociva aos profissionais de hospitais, postos de saúde e UPAs. Pelo menos um em cada dez profissionais em atividade sofre desse mal. No caso dos aposentados a média de enfermos dobra. Conforme o levantamento, o conjunto dos problemas mentais representa a segunda grande ameaça aos trabalhadores da área.

Seguindo outra linha, a Secretaria de Saúde avaliou 1,5 mil casos de enfermidades de servidores, ao longo dos últimos 12 meses. De acordo com o levantamento da pasta, a maior parte dos profissionais foi vítima de doenças do aparelho locomotor ou de problemas de saúde mental. Somados, os dois grupos representaram 70% dos trabalhadores enfermos.

“O ambiente de trabalho está muito ruim. A estrutura de serviço não está compatível com as atividades basilares da saúde. Não temos medicamentos, equipamentos, reagentes”, alerta o presidente do Clube de Saúde e do Conselho de Saúde do DF, Helvécio Ferreira. O quadro se agrava pela falta de um programa de saúde ocupacional consolidado na pasta.

“A saúde ocupacional precisa ser tratada e cuidada com uma vigilância muito próxima da gestão. Se você tem um trabalhador com autoestima, sadio, feliz, o produto que ele entrega à população é de alta qualidade. Agora, se eu tenho trabalhador adoecido, que produto ele vai ofertar à população?”, questiona. Segundo Helvécio, o governo não demonstra capacidade e habilidade para organizar a rede e, tão pouco, de pactuar com os servidores fluxos de trabalho mais saudáveis e produtivos.

Secretaria já acordou, avisa gerente

“A Secretaria está acordando. Pelo menos, o que a gente vê é que ela está investindo. A gente pode melhorar ainda muito”, afirma o gerente de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho, Ricardo Theotônio Nuno de Andrade, em resposta às críticas dos servidores. Vinculada à Subsecretaria de Gestão de Pessoas da Saúde, a gerência foi criada em dezembro de 2016 para tratar da saúde ocupacional.

A pasta pretende reforçar os exames periódicos de avaliação da saúde dos servidores. O ideal é que cada um faça o exame preventivo, uma vez por ano. Desta forma, a secretaria trataria os profissionais antes do avanço de enfermidades.

A gerência também definiu um cronograma mensal de palestras e capacitação de agentes multiplicadores com foco na prevenção de diferentes doenças. Por exemplo, este mês o tema será câncer de mama. No seguinte, a depressão.

“Pretendemos capacitar os gestores para que façam uma gestão mais participativa, para que os servidores possam participar mais processo decisório. Isso é importante em termos qualidade de trabalho”, revela Andrade. A medida tem como objetivo distencionar as relações de trabalho e evitar o avanço das doenças mentais.

A pasta pretende mapear as causas de doença em toda a rede, para formular e executar soluções para o quadro de pessoal de cada unidade. No caso das enfermos identificados, a proposta é a oferta de atividades condizentes com cada perfil. Paralelamente, a gerência analisará a saúde da família do servidor. Caso seja necessário ao tratamento de um filho ou dependente, o profissional poderá ser transferido para uma área ou local mais adequado para o suporte do parente.

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