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Política & Poder

Eleições municipais: Bolsonaro, mau cabo eleitoral

Candidatos apoiados pelo presidente vão mal pelo país. Mas o mesmo acontece com os de Lula

Rudolfo Lago

16/11/2020 5h39

Por volta das 20h de ontem, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) aparecia com apenas 2,99% dos votos para tentar um novo mandato na Câmara Legislativa do Rio de Janeiro. O percentual de votos apurados na capital fluminense ainda era pequeno: um pouco menos de 7% do total. Mas, àquela altura, o filho do presidente Jair Bolsonaro não parecia bem posicionado para continuar exercendo o cargo de vereador.

Sem partido desde que deixou o PSL para tentar a aventura de fundar uma nova sigla, o Aliança pelo Brasil, o presidente Jair Bolsonaro tornara questão de honra reeleger seu filho vereador. Como está sem legenda, Bolsonaro ensaiava argumentar que não tinha compromisso com os candidatos a prefeito pelo país. Embora ele tenha gravado vídeos de apoio a vários deles. E esse parece ser o maior problema a essa altura.

O desempenho de Carlos na disputa pela Câmara no Rio de Janeiro parece refletir a má performance daqueles que receberam a chancela do presidente pelo país. No momento do fechamento desta edição, a apuração ainda estava em curso pelo país, e somente em uma capital, Florianópolis, já se sabia que o atual prefeito, Gean Loureiro (DEM), foi reeleito em primeiro turno para um novo mandato. Mas o quadro do início da apuração e as pesquisas de boca de urna indicavam que o presidente não foi um bom cabo eleitoral no pleito municipal deste ano.

Dos candidatos próximos a Bolsonaro, o único que parecia com chances de ir ao segundo turno era Capitão Wagner (PROS) em Fortaleza. Mesmo assim, liderava no momento do fechamento da edição na capital do Ceará José Sarto (PDT).

São Paulo era o exemplo mais veemente de como prejudicou a imagem colada à do presidente. Celso Russomanno (Republicanos), depois de liderar no início da corrida eleitoral, aparecia em quarto lugar na apuração, atrás de Márcio França (PSB), enquanto a apuração projetava um segundo turno entre o prefeito Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL).

No Rio de Janeiro, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) deverá ir para o segundo turno com Eduardo Paes (DEM), mas em situação bem inferior. Em Belo Horizonte, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) deve ser eleito no primeiro turno.

Se Bolsonaro não parece ser um bom cabo eleitoral, o mesmo parece acontecer com Luiz Inácio Lula da Silva do PT. Jilmar Tatto, o candidato petista em São Paulo, poderá ter o pior desempenho do partido na história na cidade onde foi fundado. Candidatos de esquerda pelo país, como Manuela D’Ávila (PCdoB), em Porto Alegre, e Edmilson Rodrigues (PSOL), em Belém, parecem ter herdado votos dos petistas.

Finalmente, o quadro projeta uma grande força dos partidos tradicionais de centro – DEM, PSDB e MDB. Eles discutem a possibilidade de estarem juntos em 2022 em torno da candidatura do governador de São Paulo, João Doria. O resultado das urnas agora pode ser uma boa base de largada.

QUADRO NAS CAPITAIS

COM PERCENTUAL DE VOTOS APURADOS ATÉ O FECHAMENTO DA EDIÇÃO (NAS CAPITAIS ONDE A APURAÇÃO NÃO TINHA COMEÇADO, O RESULTADO DA PESQUISA MAIS RECENTE)

Porto Alegre – 35,30% – Segundo turno

  • Sebastião Melo (MDB) – 30,33%
  • Manuela D’Ávila (PCdoB) – 30,25%

Curitiba – 95,12% – Prefeito eleito em primeiro turno

  • Rafael Greca (DEM) – 59,77%

Florianópolis – 77% apurado – Prefeito eleito em primeiro turno

  • Gean Loureiro (DEM) – 54.09%

São Paulo – 0,4% – Segundo turno

  • Bruno Covas (PSDB) – 32,58%
  • Guilherme Boulos (PSOL) – 20,33%

Rio de Janeiro – 30,11% – Segundo turno

  • Eduardo Paes (DEM) – 37,39%
  • Marcelo Crivella (Republicanos) – 20,98%

Belo Horizonte – 1,7% – Projeção de eleição em primeiro turno

  • Alexandre Kalil (PSD) – 58,27%

Vitória – 11,3% – Segundo turno

  • Delegado Pasolini (Republicanos) – 30,54%
  • Gandini (Cidadania) – 22,75

Salvador – 66,2% – Projeção de prefeito eleito no primeiro turno

  • Bruno Reis (DEM) – 63,54%

Aracaju – 0,58% – Segundo turno

  • Edvaldo (PDT) – 37,29%
  • Delegada Danielle (Cidadania) – 25,91%

Maceió – Ibope (11/11)

  • Alfredo Gaspar de Mendonça (MDB) – 26%
  • JHC (PSB) – 22%

Recife – 30,25% – Segundo turno

  • Marília Arraes (PT) – 29,05%
  • João Campos (PSB) – 27,09%

João Pessoa – 5,63% – Segundo turno

  • Cícero Lucena (PP) – 20,99%
  • Ruy Carneiro (PSDB) – 17,13%

Natal – 1,6% – Projeção de prefeito eleito no primeiro turno

  • Álvaro Dias (PSDB) – 59,81%

Fortaleza – 46,12% – Segundo turno

  • José Sarto (PDT) – 35,77%
  • Capitão Wagner (PROS) – 33,22%

Teresina – 6,2% – Segundo turno

  • Dr. Pessoa (MDB) – 35,03%
  • Kleber Montezuma (PSDB) – 25,58%

São Luís – 0,66% – Segundo turno

  • Eduardo Braide (Podemos) – 39,90%
  • Duarte Júnior (Republicanos) – 18,21%

Palmas – 98,73 – Prefeito eleito (não há segundo turno)

  • Cinthia Ribeiro (PSDB) – 36,22%

Belém – 98,67% – Segundo turno

  • Edmilson Rodrigues (PSOL) – 34,24%
  • Delegado Fedral Eguchi (Patriota) – 23,06%

Macapá – Eleições adiadas

Boa Vista – Ibope (10/11)

  • Ottaci (Solidariedade) – 28%
  • Arthur Henrique (MDB) – 28%

Manaus – 60,99%

  • Amazonino Mendes (Podemos) – 24,16%
  • David Almeida (Avante) – 21,97%

Rio Branco – Ibope (10/11)

  • Tião Bocalon (PP) – 28%
  • Minoru Kimpara (PSDB) – 22%

Porto Velho – Ibope (11/11)

  • Hildon Chaves (PSDB) – 32%
  • Vinícius Miguel (Cidadania ) – 13%

Cuiabá – Ibope (12/11)

  • Abílio Júnior (Podemos) – 32%
  • Emanuel Pinheiro (MDB) – 31%

Goiânia – 16,16% – Segundo turno

  • Maguito Vilella (MDB) – 34,70%
  • Vanderlan Cardoso (PSD) – 25,79%

Campo Grande – Ibope (11/11)

  • Marquinhos Trad (PSD) – 48%
  • Promotor Harfouche (Avante) – 10%

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