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Política & Poder

Eleições municipais: a nova derrota de Bolsonaro

Resultado do segundo turno ratifica fracasso do presidente e do PT na corrida rumo a 2022

Rudolfo Lago

30/11/2020 6h04

Três dias antes do segundo turno das eleições municipais, pesquisa do Ibope já apontava que a popularidade do presidente Jair Bolsonaro caíra em 23 das 26 capitais durante as eleições municipais.
Fechadas as urnas no final da tarde de ontem, o que o Ibope apontava confirmou-se. O presidente da República Bolsonaro tinha sido o maior derrotado no primeiro turno. Voltou a ser o maior derrotado no segundo turno.

Rejeição a extremos

No campo conservador mais próximo ao do presidente, o único prefeito eleito foi o delegado de polícia Lorenzo Pazolini (Republicanos), que virou em Vitória (ES) uma eleição que parecia ter como favorito o ex-prefeito João Coser (PT). Mas mesmo Pazolini durante a campanha fez questão de desvincular ao máximo a sua imagem da do presidente. “Não sou candidato de Bolsonaro ou Lula em Vitória; rejeito extremos”, tratou de avisar há alguns dias Pazolini.

E talvez esteja na frase de Pazolini o recado principal destas eleições: ao contrário do que aconteceu em 2018 quando Jair Bolsonaro elegeu-se presidente, desta vez a urna rejeitou extremos.

“Sem dúvida, Bolsonaro é o grande derrotado, mas há outros derrotados também. A esquerda também terá que se repensar, especialmente o PT”, observa o cientista político André Cesar, que trabalha na Hold Assessoria.

As principais más notícias para Bolsonaro vêm de São Paulo e Rio de Janeiro, as duas principais cidades onde houve segundo turno.

A reeleição do prefeito Bruno Covas (PSDB) em São Paulo e a eleição de Eduardo Paes (DEM), no Rio, apontam para o fortalecimento da centro-direita tradicional. Ou seja: Bolsonaro, o bolsonarismo e a nova direita surgida por trás da ideia da nova política em 2018 perderam terreno para os conservadores da velha política.

“A extrema direita perdeu globalmente. O fenômeno de 2018 não se repetiu, e isso vai se refletir daqui para a frente”, analisa André Cesar.

Para os próximos capítulos do jogo da política, há um fortalecimento do centro tradicional.

O PT fica sem capitais

Os resultados do segundo turno nas capitais acabaram também jogando um balde de água fria nos sonhos da esquerda.

Durante a corrida entre o primeiro e o segundo turnos, algumas pesquisas deram aos partidos de esquerda a esperança de que vitórias importantes poderiam acontecer. Mas Manuela D’Ávila (PCdoB) perdeu para Sebastião Melo (MDB) em Porto Alegre. João Coser perdeu para o Delegado Pazolini em Vitória.

E Guilherme Boulos (PSOL) não foi capaz de crescer o suficiente para de fato ameaçar a reeleição de Bruno Covas.

Em Recife, na disputa à esquerda entre dois primos, João Campos (PSB) derrotou Marília Arraes (PT). E, aí, há um resultado que deverá deixar feridas esperando cicatrização. O PT faz parte do governo de Pernambuco, de Paulo Câmara, do mesmo PSB de Campos. Por isso, parte da direção petista local era contra a candidatura de Marília. Com o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ela impôs sua candidatura, rachando o PT local. Agora, o time liderado pelo senador Humberto Costa (PT-PE) deverá cobrar a derrota como constatação de que a candidatura era um erro. O PT se enfraquece e fica mais longe de poder vir a contar com o PSB ao seu lado em 2022.

Para o PT, as eleições ficam como o pior resultado eleitoral do partido em toda a sua história: pela primeira vez desde que foi fundado, em 1980, o partido não elegeu nenhum prefeito de capital.

Já o PSB sai fortalecido com a vitória de Campos em Recife e de JHC em Maceió. Pronto para uma provável aliança com o PDT de Ciro Gomes em 2022, que manteve o comando da sua principal base no Ceará com a eleição de José Sarto.

PREFEITOS ELEITOS

SEGUNDO TURNO NAS CAPITAIS

Porto Alegre
Sebastião Melo (MDB)

São Paulo
Bruno Covas (PSDB)

Rio de Janeiro
Eduardo Paes (DEM)

Vitória
Delegado Pazolini (Republicanos)

Aracaju
Edvaldo Nogueira (PDT)

Maceió
JHC (PSB)

Recife
João Campos (PSB)

Fortaleza
José Sarto (PDT)

João Pessoa
Cícero Lucena (PP)

Teresina
Dr. Pessoa (MDB)

São Luís
Eduardo Braide (Podemos)

Belém
Edmilson Rodrigues (PSOL)

Manaus
David Almeida (Avante)

Boa Vista
Arthur Henrique (MDB)

Porto Velho
Hildon Chaves (PSDB)

Rio Branco (apuração parcial)
Tião Bocalon (PP)

Cuiabá
Emanuel Pinheiro (MDB)

Goiânia
Maguito Vilela (MDB)

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