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Política & Poder

A eleição dos candidatos “diferentes”

Arquivo Geral

16/04/2018 7h00

Atualizada 15/04/2018 20h22

Divulgação

Camila Costa
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Ela trabalha com a imagem: modela, participa de clipes. Kelly Fernandes Barbosa, mais conhecida como Kelly Holliver, 28 anos, foi musa do Brasiliense e divide o dia entre cuidados com o corpo e postagens na internet. Jefferson Alves, o Jamaika, 50, filho de Ceilândia, não consegue separar sua vida da cultura, dos movimentos do Hip Hop e do Rap. Aos 36 anos, atleta de futevôlei de Brasília, sete vezes campeã do mundo, Lana Miranda é atualmente uma das referências femininas do esporte da capital federal. O que eles têm em comum? Nunca estiveram na política, mas decidiram arriscar, ainda em fase de pré-candidatura, uma vaga na Câmara Legislativa.

A princípio, para ser deputado distrital, entrar para a política, é preciso apenas conseguir um grupo político e, respaldado por uma legenda, alcançar o número suficiente de votos para ser eleito. Não tem critério de cor, raça, sexo, não precisa de uma “cara” específica. Mas a verdade é que pouco se renova os quadros das assembleias e câmaras, não só de Brasília. De quatro em quatro anos, quem sai deixa na fila um substituto político. A apostas desses e de outros candidatos que seguem o movimento antissistema é provocar uma mudança e trazer mais representatividade social para as áreas de poder.

Segundo o presidente do PRB-DF, Wanderley Tavares – sigla pela qual a Lana deve concorrer às eleições – o partido quer incentivar pessoas com um novo perfil a entrarem para a política. Com a saída da ex-atleta e ex-secretária de Esportes do DF, Leila Barros, do partido, internamente foi negociado o convite a Lana. “Além de ser nova, representa muito bem o segmento dela. E temos esse histórico positivo de que o esporte revela bons políticos”, ponderou.

Ainda em fase de adaptação diante do novo desafio, a atleta tem conciliado agendas políticas com os campeonatos de futevôlei. No fim de semana, representou Brasília em um torneio na cidade vizinha, Goiânia. “Quero devolver tudo o que o esporte me deu, defendendo a setores como a juventude, o papel e a participação da mulher no esporte e na política, sem deixar de fora o lado social, que é algo que faz parte de mim”, explicou Lana.

Pelo hip hop, contra promessas

Jamaika mora no Sol Nascente, dedicou toda a vida às vias da música. O carro-chefe é o hip hop. Já venceu duas vezes o Festival de Cinema de Brasília. Afirma que cansou de ver políticos aparecerem de quatro em quatro anos prometendo asfaltar a rua em que vive e até hoje nada. “A música tem papel fundamental na transformação. Já fizemos muito pelos nossos, mas não conseguimos ir mais longe porque a politicagem não deixa. Barra. Então, vamos lá pra (sic) dentro”.

Pré-candidatos-DF- Jeferson Alves-Jamaika
Foto: João Stangherlin

Jamaika se filiou ao PTC e já está montando um esquema de ação. Criação de grupos de trabalho e estratégia de atuação. A ideia em cima disso tudo é levar para uma cadeira da Câmara Legislativa uma pessoa da periferia. “Não tem como alguém que nunca pisou no meu mundo querer me representar. Vamos fiscalizar, gritar, porque não queremos mais sobreviver. Queremos viver”, defendeu.

Representatividade

Bonita, dona de um corpo escultural, mas também de uma convicção: “Não aguento mais tanta corrupção”. Hoje, as mulheres são menos da metade das filiações nos partidos, mesmo sendo 51% da população brasileira. Nas principais Casas políticas do País, não chegam a 14% das vagas. Pesquisa feita pela Pulso Público a pedido do Movimento Transparência Partidária (MTP) mostra que de cada dez eleitores filiados a partidos políticos apenas quatro são mulheres.
“Eu posso fazer mais do que apenas votar em quem me representa. Precisamos levantar com mais força a bandeira de mais respeito para as mulheres, de proteção aos animais e de mudança dos quadros políticos para tentar acabar com a corrupção”, afirmou Kelly Holliver.

A ex-musa do Brasiliense se filiou ao PTC. Segundo o vice-presidente regional da sigla, Takane Kiyotsuba, o partido é plural e quem quiser, independentemente de ideologia, e se mostrar interessado, pode ter espaço. “Demos oportunidade a ela como damos a qualquer pessoa. Ela pode atrair votos de um segmento diferente”, justificou. Takane aposta em outros nomes “diferentes” para o PTC, com o objetivo de ter representantes da sociedade. “Não temos uma linha única, somos abertos. O mesmo do mesmo já está aí e estamos mudando”.

SAIBA MAIS

O que é um pré-candidato?
É a pessoa que pretende disputar um cargo em uma eleição. O termo candidato só pode ser utilizado após a aprovação da candidatura pelo Juiz Eleitoral. De 20 de julho até o dia 5 de agosto, os pré-candidatos podem fazer a campanha intrapartidária para divulgar a pré-candidatura. Nas convenções partidárias serão definidos os candidatos que representarão cada partido ou coligação na eleição.

Neste período, as coligações – algumas ainda se formando – e partidos são obrigados a entrar em um consenso para poder apoiar com força máxima o candidato escolhido na maratona que são as eleições. Basicamente, as escolhas de pré-candidatos acontecem através de reuniões internas das coligações. As pesquisas de intenção de votos tendem a ter um peso grande nessa hora.

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