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Política & Poder

Deu a louca nas alianças eleitorais da Região Metropolitana do DF

Arquivo Geral

30/09/2016 7h00

Os petistas jogam todas as fichas na sua candidatura a prefeito de Valparaízo, única cidade da região que controlam. Foto: Kléber Lima

Eric Zambon
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Nomes como dos candidatos Cida do Gelo (PSDB), de Alexânia, e Roberto Hotel da Vovó (DEM), de Mimoso, são curiosos. Mas coligações dos partidos envolvidos nas eleições municipais da Região Metropolitana do DF, neste domingo, conseguem ser ainda mais inusitadas. São 21 legendas diferentes a disputar vagas em 21 prefeituras e muitas alianças não têm a menor relação com as doutrinas partidárias e muito menos com o alinhamento nacional das instituições.

Com chances reais de ficar sem representantes no entorno da capital, o PT, por exemplo, recorreu a alianças com DEM, PMDB e PSDB em seis cidades na tentativa de emplacar seus candidatos. As coligações dos petistas com as legendas diretamente responsáveis pelo impeachment da presidente Dilma Roussef soam ainda mais estranhas por conta da resolução nacional do partido de não se juntar aos adversários políticos.

“Essa proibição existe, mas cada cidade tem suas especificidades. Independentemente do partido, quando se vai a uma cidade do interior a situação precisa ser analisada”, justifica o presidente do PT-DF, Roberto Policarpo. As cidades onde os petistas coligaram com aqueles que chamam de golpistas são Água Fria, Cabeceiras, Planaltina-GO, Vila Boa, Buritis-MG e Unaí-MG.

Do outro lado, DEM, PMDB e PSDB também contrariaram o posicionamento padrão de suas legendas no âmbito nacional e uniram forças com a extrema esquerda do PC do B nos dois municípios de Minas Gerais que fazem parte da Região Metropolitana, Buritis e Unaí.

A sopa de letrinhas fica mais doida se levarmos em consideração os partidos menos representativos . O PSD de Rogério Rosso, presidente da comissão do impeachment de Dilma na Câmara dos Deputados, por exemplo, coliga como PT, casa da presidente impedida, em Cidade Ocidental, Luziânia e Buritis.

Ao que tudo indica, a desfaçatez dos nomes de candidatos como Processo (PHS), de Buritis-MG, e Vilmar Popular (PPS), de Planaltina-GO, é só a ponta do iceberg.

Saiba mais

  • O partido com mais candidaturas a prefeito na Região Metropolitana do DF é o PSDB, com dez. A legenda é seguida por PR e PSD, cada um com sete. O PT e o DEM, representativos no cenário nacional, aparecem com apenas dois e três postulantes, respectivamente. O PMDB, do ex-vice-governador Tadeu Filippelli, tem seis candidatos enquanto o PSB, do governador Rodrigo Rollemberg, tem quatro.
  • Neste domingo, as eleições municipais acontecem em todo o Brasil, menos no Distrito Federal. Os eleitores devem escolher seus candidatos aos cargos de vereador, vice-prefeito e prefeito.

PT tenta manter prefeitura

Por trás das alianças existe o interesse de conquistar território político na região que circunda e tem relação econômica e política direta com a capital federal.
No caso do PT, as medidas desesperadas encontram sentido ao se constatar a escassez até de postulantes ao cargo de prefeito na maioria das cidades. Atualmente, a única prefeitura mantida pelo partido é de Valparaíso com Lucimar Conceição.

Sua baixa popularidade, no entanto, teria feito com que ela desistisse de tentar a reeleição. Com isso, a grande aposta da legenda para não perder de vez a influência no entorno é com Dr. Roberto Martins, que, inclusive, tem apoio direto de Policarpo em sua campanha.
Segundo o mototaxista Renan dos Santos, de 32 anos, desde que a petista assumiu a prefeitura, “a cidade melhorou besteirinha” e questões relativas a asfaltamento e Segurança Pública não teriam sido aprimoradas, conforme prometido em campanha. “Ela não tem diálogo conosco, com a população. Ela vai às ruas um pouco mais agora porque o povo gritou na orelha dela”, afirma o homem.

“A Lucimar prometeu um bando de coisas e não cumpriu nada”, acusa Márcia Gonçalves, comerciante de 32 anos e moradora da cidade há três. “Para se ter uma ideia, houve uma inauguração de posto de saúde recentemente em que ninguém foi. Ela está mal demais”, revelou a eleitora, que se disse indecisa para o pleito de domingo.

Essa indecisão pode ser o trunfo petista para manter cadeira na cidade. “Há um crescimento na adesão à candidatura do PT aqui e a cidade tem muita gente sem saber. Então estamos trabalhando para essa reta final”, comenta Policarpo, garantindo que vencer na região é imperativo devido ao mau momento vivido pela legenda.

“É um reflexo do momento que o partido vive, mas tem Valparaíso e Formosa como esperanças. Na última já havíamos trabalhado poucos nomes, então já havia poucas candidaturas. É um pouco reflexo das dificuldades, e muitas as pessoas optaram por lançar candidaturas para vereadores”, desabafa.

Em Formosa, o petista Prof. Mirim afirmou ter se recusado a coligar com “apoiadores do golpe” e, portanto, concorre com o partido isolado no município a cerca de 100 km do DF. A decisão pode custar a vaga na prefeitura, uma vez que sua campanha não tem o alcance dos adversários.

Os oponentes de Mirim, aliás, não se importaram ideologicamente como o petista e também fizeram alianças inusitadas. Ernesto Roller, do PMDB, faz parte da coligação “Prefeitura para todos”, que de fato parece reunir todos os partidos da cidade, com 17 legendas afiliadas. A curiosidade é a presença do PC do B entre peemedebistas e democratas, todos de mãos dadas.

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