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Política & Poder

Deltan teria usado partido Rede para propor ação do STF contra Gilmar Mendes

Objetivo era impedir que Gilmar atuasse para soltar presos em processos nos quais ele não fosse o juiz. Dallagnol teria articulado a ação com o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP)

Willian Matos

07/08/2019 9h03

Willian Matos
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Em novas conversas vazadas, obtidas pelo site The Intercept Brasil e divulgadas pelo portal UOL, o coordenador da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, teria usado o partido Rede Sustentabilidade para propor uma ação do Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ministro Gilmar Mendes.

Deltan articulou a ação com o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Pelo Telegram, ele conversou com outros procuradores sobre como a negociação levou a Rede a apresentar uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) para impedir que Gilmar Mendes atuasse para soltar presos em processos que ele não fosse o juiz.

Esta conversa aconteceu no dia 9 de outubro de 2018. Dallagnol disse: “Randolfe super topou. Ia passar para Daniel, assessor jurídico, já ir minutando. Falará hoje com dois porta-vozes da Rede para encaminhamento, que não depende só dele”, contou, sobre a negociação com o senador do Amapá.

Randolfe, senador do Amapá, é pivô da última conversa vazada que o site The Intercept Brasil obteve. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Procuradores da República só podem atuar nas causas de primeira instância da Justiça Federal, junto ao STF. Partidos políticos estão entre as entidades que podem propor uma ADPF no Supremo.

Um dia depois de Dallagnol falar sobre a conversa com Randolfe, o procurador Diogo Castor teria dito que mandou uma sugestão de ADPF para o assessor do senador. “Bastidores: assessor do Randolfe Alves informou que a boca grande de Brasília diz que Gilmar vai soltar Marconi Perilo [ex-governador de Goiás] pelo mesmo caminho”, teria contado, ao errar o nome do senador.

Na ação, o partido teria usado os mesmos argumentos defendidos por Dallagnol. A Rede explicou que a ADPF era necessária “para impedir que o referido ministro Gilmar Mendes continue a conceder liminares para beneficiar presos de modo absolutamente revel à liturgia do processo penal, convertendo-se numa espécia de ‘supervisor-geral’ das prisões cautelares levadas a termo em operações de combate à corrupção no Brasil”.

Randolfe Rodrigues e o Rede Sustentabilidade negam que foram usados para propor uma ação no STF. “No caso em apreço, a ação citada foi ajuizada após o Ministro Gilmar Mendes ter concedido habeas corpus de ofício a Beto Richa [ex-governador do Paraná] e outros ‘ilustres’ investigados, burlando as regras de sorteio de relatoria do STF e se convertendo numa espécie de ‘Liberador-Geral da República”.

 
 

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