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Política & Poder

Cortes em salários de autoridades viram bandeira política no combate ao coronavírus em SP

Avanço do coronavírus no país deflagrou um movimento pela redução salarial de autoridades públicas como prefeitos, secretários, vereadores e deputados

Redação Jornal de Brasília

06/04/2020 9h48

O avanço do coronavírus no país deflagrou um movimento pela redução salarial de autoridades públicas como prefeitos, secretários, vereadores e deputados. Em São Paulo, ainda que haja resistência, a ideia se converteu em projetos no Legislativo estadual e em câmaras municipais, até com adesão de grupos como o Vem Pra Rua.

Na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o partido Novo apresentou quatro propostas de redução salarial escalonada, chegando a propor cortes não só para deputados e comissionados, mas também servidores concursados. O Estado apurou que as proposições enfrentam resistência entre os deputados, que discutiram a proposta em um grupo de WhatsApp.

Líder do PSDB na Alesp, a deputada Carla Morando disse que a ideia de reduzir o salário dos deputados enfrenta resistência de deputados que dizem depender do salário para pagar contas. “Há uma resistência grande de deputados que dizem ter o salário contado para o sustento da família. Eu, que doei meu salário, defendo que o poder público tem que aceitar uma redução para combater o coronavírus”, disse.

A deputada Janaina Paschoal (PSL) apresentou um projeto de resolução que prevê a transferência de recursos de verba de gabinete e de parte do salário dos deputados ao Tesouro Estadual para o combate ao Covid-19.. Ela defende que que o salário dos deputados seja reduzido em 59% durante a calamidade e que sejam suspensas a gratificações especiais da Casa.

A parlamentar assina um projeto que prevê a destinação de 50% a 95% da verba de gabinete dos deputados (pouco mais de R$ 30 mil por mês para cada um), além das emendas, para um fundo de combate à covid-19. “O exemplo poderá, em alguma medida, incentivar o Poder Judiciário a também desvincular seu elevado fundo para o combate aos efeitos da pandemia”, justifica a deputada.

Para o líder do Novo na Casa, deputado Daniel José, a redução de salário tem efeito mais moral do que fiscal. “O setor público nunca dividiu a conta de uma crise com o setor privado. O setor privado sempre paga a conta sozinho.” Presidente da Alesp, Cauê Macris (PSDB) já declarou que a Casa não utilizaria os recursos economizados de bancadas que, a exemplo do que faz a do Novo, abram mão dos recursos das verbas de gabinete. Desta forma, os recursos podem ser utilizados para um fundo de combate ao vírus.

A proposta de redução salarial aos deputados conta com apoio da oposição. “Na hora do aperto, os deputados têm que colaborar”, disse o deputado Emídio Souza (PT).

“Essa ideia de redução de salários do poder público está se pulverizando. É um absurdo gastar dinheiro de gabinete com impressão de material nesse momento”, diz a corretora de imóveis Adelaide Oliveira, porta-voz do grupo Vem Pra Rua.

JUNDIAÍ DISCUTE REDUÇÃO DE SALÁRIOS NESTA SEMANA
Em Jundiaí, o prefeito Luiz Fernando Machado (PSDB) promete enviar à Câmara Municipal no início desta semana um projeto de lei para reduzir temporariamente em até 30% o próprio salário e também do vice-prefeito, secretários e assessores do município, que recebem entre R$ 15 mil e R$ 23 mil. A intenção da medida é economizar cerca de R$ 5 milhões até dezembro para o combate ao vírus na cidade.

“Todos nós vamos participar dos efeitos desta crise e vamos deliberar de modo a contribuir para que nossa sociedade possa receber os reflexos dessa medidas. Não é razoável exigir sacrifício de toda a sociedade e ficarmos isentos”, diz o prefeito. Ele apresentou a proposta ao lado do presidente da Câmara, Faouaz Taha (PSDB), que apoiou o projeto e também anunciou que levará ao plenário do legislativo municipal a redução de 30% nos vencimentos dos vereadores, diretores e funcionários comissionados da Câmara.

O presidente estadual do PSDB paulista, Marco Vinholi, defende que a iniciativa também atinja outros municípios. O partido comanda 220 prefeituras em São Paulo. “É fundamental que os gestores diminuam o custeio da máquina pública. Momento de apertar os cintos, criando pontes para atravessar o período de pandemia.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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