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Política & Poder

Corrupção fica em segundo plano no Twitter de Bolsonaro

O tema aparece apenas no décimo oitavo lugar entre os assuntos mais falados pelo presidente da rede social

Redação Jornal de Brasília

08/01/2020 17h57

Eleito com uma bandeira de combate à corrupção , o presidente Jair Bolsonaro tratou pouco do assunto em 2019 no seu principal canal de comunicação com a população: o Twitter . O tema aparece apenas no décimo oitavo lugar entre os assuntos mais falados pelo presidente da rede social. Economia, relações internacionais, segurança e infraestrutura foram os tópicos mais abordados pela conta oficial de Bolsonaro no seu primeiro ano de governo, segundo levantamento feito pelo Estado pela plataforma DataTora.

Os únicos ministros nessas postagens no Twitter são exibidos entre os cinco assuntos mais comentados em 2019 são os que tratam de massas diretamente usando o tema: Sérgio Moro , da Justiça e Segurança Pública, e Wágner Rosário , da Controladoria-Geral da União ( CGU ). Se considerarmos todas as postagens feitas pelos principais integrantes do governo – ministérios e secretários – ativos na rede social, a corrupção aparece apenas no décimo lugar de lugar entre os assuntos mais abordados.

O assunto foi lembrado nessa semana por quem já estava no núcleo duro do governo. O general Carlos Alberto dos Santos Cruz , ex-ministro da Secretaria de Governo, afirmou nesta segunda-feira, 6, que o governo se afastou da bandeira de combate à corrupção e que essa preocupação não ficou “tão caracterizada”, ou seja, segundo ele, gerou “desilusão para muita gente”.

Pesquisa Ibope feita em dezembro mostra que uma investigação sobre suspeita de “rachadinha” – quando parte do salário do servidor é repassada ao político – no gabinete do atual senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), filho mais velho do presidente, é uma das notícias sobre o governo mais lembradas espontaneamente pelos entrevistados – 2% citaram o caso.

Além da suspeita de corrupção, o Ministério Público também investiga indícios de lavagem de dinheiro e peculato em movimentos financeiros de Flávio. Em dezembro, a Justiça autorizou a operação de busca e apreensão de contatos ligados ao ex-assessor de Flávio, Fabrício Queiroz , do próprio senador – sua loja de chocolates – e os pais de Ana Cristina Valle, ex-mulher de Bolsonaro.

Outro caso de suspeita de corrupção na rodovia ou no entorno do Planalto. O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio , foi indicado pela Polícia Federal sob suspeita de comandar um esquema de candidaturas laranjas no PSL mineiro, presidido por ele durante uma campanha do ano passado. Bolsonaro resiste a afastar-se do ministro e já chegou a dizer que apenas aqueles tornados réus pela Justiça serão afastados do governo.

Para professor de pós-graduação em marketing político da ECA / USP, Kléber Carrilho, ou discurso anticorrupção normalmente adotado por quem está fora do governo. “Quem está no governo sempre é vidraça”. Para Carrilho, uma imagem de personagem político político “é muito mais ligada ao combate à corrupção do presidente”.

Para o procurador de Justiça e presidente do instituto Não Aceito Corrupção, Roberto Livianu, não há uma postura de Bolsonaro, que colocou ou combate à corrupção como prioridade.

“Não podemos dizer o que estamos diante de um governo que priorize uma maneira absoluta ou de combate à corrupção”, disse. Ele reduziu a escolha de Augusto Aras para a Procuradoria Geral da República como um elemento que gerou ruído. “Ainda que não seja obrigado a indicar alguém da lista do MPF, é recomendável. Ao escolher alguém por encomenda, em cada atitude do PGR, o presidente poderá ser cobrado. ”

Estadão Conteúdo. 

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