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Política & Poder

Confira detalhes da MP com medidas trabalhistas contra crise do coronavírus

Medida ainda será votada pelo Congresso, mas já está valendo por até 120 dias — prazo exato da suspensão dos contratos de trabalho previstas no texto

Redação Jornal de Brasília

23/03/2020 10h33

O governo publicou, no domingo (22), a Medida Provisória 927, que fixa regras para a relação entre empresas e trabalhadores durante a pandemia do novo coronavírus. Entre as medidas, a MP autoriza suspensão do contrato de trabalho por até quatro meses.

O documento diz que, “para enfrentamento dos efeitos econômicos decorrentes do estado de calamidade pública e para preservação do emprego e da renda”, poderão ser adotadas pelo empregadores as seguintes medidas:

  • Suspensão do contrato de trabalho
  • Teletrabalho
  • Antecipação de férias individuais
  • Concessão de férias coletivas
  • Aproveitamento e a antecipação de feriados
  • Banco de horas
  • Suspensão de exigências administrativas em segurança e saúde do trabalho
  • Direcionamento do trabalhador para qualificação
  • Diferimento do recolhimento do FGTS

Confira, agora, em detalhes, o que muda com cada medida prevista:

  • Durante o estado de calamidade pública, o funcionário e o empregador poderão celebrar acordo individual escrito para garantir a permanência do vínculo empregatício.
  • O empregador poderá alterar o regime de trabalho presencial para o teletrabalho e determinar o retorno à antiga modalidade, independentemente da existência de acordos individuais ou coletivos. A alteração tem que ser avisada com 48 horas de antecedência.
  • Se o funcionário não tiver os equipamentos necessários para trabalhar a distância, o empregador poderá fornecer os equipamentos. Na impossibilidade de oferecer meios de trabalho remoto, será computada a jornada normal de trabalho.
  • Durante o estado de calamidade pública, o empregador informará ao empregado sobre a antecipação de suas férias com antecedência de, no mínimo, 48 horas.
  • As férias não poderão ser gozadas em períodos inferiores a 5 dias corridos e poderão ser concedidas antes mesmo do período aquisitivo.
  • Trabalhadores que integram o grupo de risco do coronavírus serão priorizados na concessão de férias.
  • Funcionários da área da saúde ou outros que desempenham funções essenciais poderão ter as férias suspensas, com aviso 48 horas antes.
  • Para as férias concedidas durante o estado de calamidade pública, o empregador poderá optar por pagar o adicional de um terço após sua concessão, até a data da gratificação natalina.
  • Na hipótese de dispensa do funcionário, o empregador pagará na rescisão as férias não usufruídas pelo trabalhador.
  • Até 31 de dezembro, o empregador poderá, a seu critério, conceder férias coletivas e deverá notificar o conjunto de empregados afetados com antecedência mínima de 48 horas.
  • A medida provisória permite a antecipação de feriados não religiosos. Para isso, o empregador tem que notificar os funcionários 48 horas antes e indicar o feriado aproveitado antecipadamente. No caso de feriados religiosos, a medida depende do aval do empregado.
  • Durante o estado de calamidade, o contrato de trabalho poderá ser suspenso, pelo prazo de até 4 meses, para participação do empregado em curso ou programa de qualificação profissional não presencial oferecido pelo empregador. Essa suspensão não dependerá de acordo ou convenção coletiva.
  • O empregador poderá conceder ao funcionário uma ajuda compensatória mensal, sem natureza salarial, durante o período de suspensão contratual, com valor definido livremente entre as partes.
  • Durante a suspensão contratual, o empregado terá direito a todos os benefícios voluntariamente concedidos pelo empregador.
  • A medida provisória suspende a obrigatoriedade do recolhimento do FGTS pelos empregadores, para os meses de competências de março, abril e maio de 2020, com vencimento em abril, maio e junho de 2020, respectivamente.
  • Durante o de estado de calamidade pública, é permitido aos estabelecimentos de saúde, mediante acordo individual escrito, prorrogar a jornada de trabalho e adotar escalas de horas suplementares. A medida vale também para as atividades insalubres e para a jornada de 12 horas de trabalho por 36 horas de descanso.
  • Os casos de contaminação pelo coronavírus não serão considerados ocupacionais, exceto se houver comprovação do nexo causal.
  • Nos próximos 180 dias, os auditores fiscais do trabalho do Ministério da Economia atuarão de maneira orientadora. Eles só poderão aplicar sanções em caso de irregularidades como falta de registro de empregado; em situações de grave e iminente risco; quando houver acidente fatal e em casos de trabalho em condições análogas às de escravo ou trabalho infantil.

Cabe ressaltar que o Congresso Nacional ainda votará a MP. No entanto, ela já está valendo pelos próximos 60 dias, prorrogáveis por mais 60 — especificamente o prazo válido da suspensão dos contratos de trabalho.

Leia a MP na íntegra

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