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Política & Poder

Comissão Geral da CLDF debate golpe militar

Arquivo Geral

04/04/2019 18h40

Reprodução

Lucas Valença
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A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) promoveu, nesta quinta-feira (4), uma Comissão Geral para debater os “55 anos do golpe militar”. O evento, organizado pelo deputado Leandro Grass (Rede), contou com a presença de autoridades, brasilienses, acadêmicos e artistas que promoveram atividades e atrações que remetiam ao período ditatorial que perdurou por 21 anos no país.

O evento teve início com uma manifestação política onde os presentes colocaram vendas em que tinha escrito a palavra “golpe”. O ato, visto como uma crítica às torturas do regime, durou cerca de cinco minutos. Na sequencia, o músico Hugo Fonseca interpretou a música Cálice, de autoria de Gilberto Gil e Chico Buarque. Ele terminou a apresentação com a frase “ditadura nunca mais”.

A deputada Arlete Sampaio (PT) elogiou a iniciativa do correligionário, pois considera ser necessário “resgatar o que de fato aconteceu na história”. Para a parlamentar, uma parcela da sociedade tem procurado “rever o passado” para justificar as ações do presente. “Quando a gente escuta um ministro da Educação dizer que vai retirar dos textos didáticos as referências à ditadura militar para passar a chamar de regime democrático de força, nós podemos entender o que de fato está acontecendo no Brasil”, afirmou.

O presidente da Comissão, Leandro Grass enfatizou que os debates desta quinta buscam marcar uma clara posição “diante de tantos absurdos, abusos, falácias e mentiras que tem tomado o brasil”.

Em um momento de silêncio e atenção, a escritora e anistiada política, Yara Gouveia, emocionou o plenário com o depoimento de quando chegou a ser torturada pelo regime militar. Ela lamentou que depois de “mais de meio século” o Brasil ainda não tenha passado a ditadura a limpo. Também defendeu a liberdade e a luta, como sendo duas das palavras chaves contra o autoritarismo.

“Liberdade porque só quem passou pela tortura sabe o que é não ter liberdade. Sabe o que é chegar diante do torturador completamente desarmada e ser pendurada no pau de arara. E luta, pois ela nos fortalece”, declarou durante a sessão.

Para o historiador e professor da Universidade de Brasília (UnB), Guilherme de Souza, é “lamentável” a tentativa de se associar os regimes fascistas do século XX com a esquerda.

O deputado Fábio Felix (Psol) também lamentou a intenção de parte da população e de políticos de tentar mudar fatos históricos sobre o período da ditadura.

Na entrada do plenário, onde aconteceu a Comissão Geral, diversas imagens que remetiam ao período ditatorial foram ‘pregadas’ na parede. Uma delas traz a imagem do documento que censurou a música de autoria de Gilberto Gil e Chico Buarque, Cálice. Uma outra, também marcante, ilustra a sigla do Departamento de Ordem Política e Social, lugar onde acontecia a tortura de diversos críticos ao regime. Retratos de manifestações da época e, até o documento que identificava Honestino Guimarães, nome de uma das pontes de Brasília, mas retirado após decisão do Judiciário, foram colocados no espaço.

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