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Política & Poder

China diz que Eduardo Bolsonaro causa “influência nociva”

Apesar da crise diplomática iniciada na véspera pelo parlamentar, Pequim disse acreditar que não houve mudança na política externa do Brasil em relação ao país

Redação Jornal de Brasília

19/03/2020 23h31

Brazilian Federal Deputy Eduardo Bolsonaro arrives for a launch ceremony of the government anti-crime project at the Planalto Palace in Brasilia, Brazil October 3, 2019. REUTERS/Adriano Machado

A Embaixada da China afirmou na noite desta quinta-feira, dia 19, por meio de comunicado oficial, que o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) causou “influência nociva” e “interferências desnecessárias” na cooperação com o Brasil. Apesar da crise diplomática iniciada na véspera pelo parlamentar, Pequim disse acreditar que não houve mudança na política externa do Brasil em relação ao país, mas demonstrou insatisfação com o papel do chanceler Ernesto Araújo no episódio.

“As palavras do Eduardo Bolsonaro causaram influências nocivas, vistas como um insulto grave à dignidade nacional chinesa, e ferem não só o sentimento de 1,4 bilhão de chineses, como prejudicam a boa imagem do Brasil no coração do povo chinês. Geram também interferências desnecessárias na nossa cooperação substancial. Estamos extremamente chocados por tal provocação flagrante contra o governo e povo chinês”, afirma a nota da representação de Pequim em Brasília. “Temos pleno conhecimento da política externa brasileira com a China e acreditamos que nas suas linhas não houve qualquer mudança.”

Na quarta-feira, dia 18, o filho do presidente Jair Bolsonaro culpou nas redes sociais o governo Xi Jinping pela pandemia do novo coronavírus. No mesmo dia, o embaixador chinês Yang Wanming reagiu e cobrou retratação em sua conta virtual no Twitter. Ele também republicou mensagens que foram recebidas como insulto pelo deputado e pelo Itamaraty, que repreendeu o embaixador. Eduardo não se desculpou e disse não ter ofendido os chineses, mas expressado uma crítica ao governo do país. O chanceler Ernesto Araújo endossou essa posição e argumentou que o filho do presidente não expressa o pensamento do governo Jair Bolsonaro.

Na nota oficial desta quinta, a embaixada chinesa voltou a cobrar que o Itamaraty intervenha na postura do deputado, que é influente na política externa e preside a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara. O embaixador chinês manifestou indignação ao ministro Ernesto Araújo e reclamou da intermediação feita por ele.

“A parte chinesa não aceitou a gestão feita pelo chanceler Ernesto Araújo à noite do dia 18. O deputado Eduardo Bolsonaro tem que pedir desculpa ao povo chinês pela sua provocação flagrante”, reiterou a embaixada. “Esperamos que o Itamaraty possa tomar ciência do grau de gravidade desse episódio e alertar o deputado Eduardo Bolsonaro a tomar mais cautela nos seus comportamentos e palavras, não fazer coisas que não condizem com o seu estatuto, não falar coisas que prejudiquem o relacionamento bilateral e não praticar atividades que danifiquem a nossa cooperação. Temos a certeza de que o Itamaraty certamente vai levar em consideração o quadro geral das relações sino-brasileiras e envidar esforço junto conosco para salvaguardar o ambiente favorável do nosso relacionamento “

A diplomacia chinesa disse que os presidentes Jair Bolsonaro e Xi Jinping consolidaram confiança política mútua no ano passado e destacou que o “presidente brasileiro manifestou solidariedade para com o governo e o povo chinês”. A China é o principal parceiro comercial do Brasil. Os diplomatas chineses disseram que uma minoria no Brasil tenta atrapalhar o relacionamento bilateral e que esse grupo não deve subestimar a capacidade de o país asiático garantir seus interesses.

“Percebemos que os que atrapalham o desenvolvimento das relações bilaterais se limitam a uma minoria na população brasileira, enquanto a maioria esmagadora está em defesa da nossa fraternidade”, afirmou Pequim. “Esperamos que alguns indivíduos do lado brasileiro, na sua minoria, abandonem as suas ilusões e muito menos subestimem a nossa resolução e capacidade de salvaguardar os nossos próprios interesses.”

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