A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) negou nesta terça-feira, 26, em entrevista à CNN Brasil, que tenha sabido antecipadamente da operação Placebo, deflagrada nesta manhã em endereços do governador do Rio, Wilson Witzel (PSC).
A suspeita de que a aliada do presidente Jair Bolsonaro tivesse acesso a informações privilegiadas foi amplamente repercutida por parlamentares devido à declaração de Carla à Rádio Gaúcha, na segunda-feira, sobre como a PF estava investigando irregularidades cometidas por governadores durante a pandemia e faria operações “nos próximos meses”.
“Eu não sou uma pessoa burra. Se eu tivesse informação privilegiada, eu falaria isso publicamente?”, questionou a deputada na entrevista à CNN. Na mesma linha, apontou, em tom de indagação: “se há algum tipo de interferência (de Bolsonaro na operação de hoje), o presidente também está agindo em cima do STJ?”
Ainda segundo Carla Zambelli, a deflagração da operação Placebo menos de 24h depois das suas declarações à Rádio Gaúcha foi “uma feliz coincidência” que ela espera que se repita em outros Estados.
Em entrevista à CNN, ela mandou um recado para Witzel, dizendo que “Infelizmente, a mosquinha azul picou o senhor. Poucas semanas depois de ter tomado posse, o senhor já falava em ser presidente em 2022”, disse. “Eu te digo uma coisa, governador: o senhor deveria estar muito mais preocupado com a água batendo na sua bunda do que com o que eu estou falando. […] É melhor o senhor começar a procurar bons advogados para que não vá para a cadeia”, finalizou.
Por meio de nota, a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) afirmou que apoia que, mesmo em tempos de pandemia, os policiais permaneçam realizando seus trabalhos de investigação. “Sobre as suspeitas de que a deputada Carla Zambelli (PSL- SP) foi informada antecipadamente da Operação, é conhecido e notório o vínculo da parlamentar com a Associação de Delegados, desde quando era líder do movimento Nas Ruas. Esse laço se demonstra pela participação de Zambelli em eventos, vídeos e homenagens. A Fenapef defende a apuração, com responsabilidade e profundidade, sobre a possibilidade de que esse vínculo possa ter sido utilizado para a obtenção de alguma informação privilegiada.”
Veja a nota na íntegra:
“A respeito da Operação Placebo e seus desdobramentos, a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) informa que:
- A Fenapef apoia todo e qualquer esforço para apurar e combater a corrupção. Mesmo em tempos de pandemia, os policiais federais seguem fazendo seu trabalho de investigação.
- A lisura das investigações e o sigilo das operações devem ser preservados em qualquer circunstância.
- Sobre as suspeitas de que a deputada Carla Zambelli (PSL- SP) foi informada antecipadamente da Operação, é conhecido e notório o vínculo da parlamentar com a Associação de Delegados, desde quando era líder do movimento Nas Ruas. Esse laço se demonstra pela participação de Zambelli em eventos, vídeos e homenagens. A Fenapef defende a apuração, com responsabilidade e profundidade, sobre a possibilidade de que esse vínculo possa ter sido utilizado para a obtenção de alguma informação privilegiada.
- A Operação Placebo é realizada pela equipe do SINQ (Serviço de Inquéritos) da DICOR (Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado) da Polícia Federal. O SINQ atua em inquéritos de tribunais superiores que tenham como alvos pessoas com foro nesses tribunais.
- As buscas nos Palácios das Laranjeiras e da Guanabara foram autorizadas pelo Superior Tribunal de Justiça e têm como objetivo encontrar elementos de um possível esquema de corrupção envolvendo uma organização social contratada para a instalação de hospitais de campanha e servidores da cúpula da gestão do sistema de saúde do Estado do Rio de Janeiro, conforme informou a Polícia Federal.
Federação Nacional dos Policiais Federais
Brasília, 26 de maio de 2020″
Com informações do Estadão Conteúdo