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Política & Poder

Câmara do Rio rejeita abrir processo de impeachment de Marcelo Crivella

Filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), que é do partido do prefeito, votou contra a abertura do processo de impeachment.

Marcus Eduardo Pereira

03/09/2020 19h46

CATIA SEABRA E WALESKA BORGES
RIO DE JANEIRO, RJ

Por 25 votos a 23, a Câmara de Vereadores do Rio rejeitou nesta quinta-feira (3) a abertura de processo de impeachment contra o prefeito Marcello Crivella por improbidade administrativa no uso de funcionários da prefeitura para cerceamento da imprensa às portas de hospitais.

Dois pedidos de impeachment haviam sido protocolados na terça-feira (1º), um dia depois de reportagem da TV Globo revelar a existência dos chamados “Guardiões do Crivella”, ocupantes de cargos de confiança escalados para atrapalhar a imprensa e impedir depoimento dos usuários da rede pública de saúde.

Filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), que é do partido do prefeito, votou contra a abertura do processo de impeachment.

Pelo menos 20 funcionários da prefeitura -com pagamentos que variam de R$ 2,7 mil a R$ 18 mil brutos- são escalados para abordar jornalistas e entrevistados para interromper gravações.

Secretários municipais, colaboradores diretos de Crivella e até o procurador-geral do município do Rio participam de um dos grupos usados para controlar o “plantão” de funcionários na frente de hospitais da cidade para impedir divulgação de denúncias.

O chefe da Casa Civil, Ailton Cardoso da Silva, é um dos administradores do grupo Guardiões do Crivella, que inclui também Marcelo da Silva Moreira Marques -procurador-geral do município- e a secretária de Saúde, Bia Busch.

O plantão foi suspensa depois de sua revelação. Segundo reportagem do RJ2, da TV Globo, o plantão funcionava das 5h45m às 14h. Em duplas ou sozinhos, os funcionários batiam o ponto na frente de hospitais municipais mandavam fotos para comprovar a presença em um grupo no WhatsApp.

O trabalho desses funcionários era acompanhado em três grupos no WhatsApp: “Guardiões do Crivella”, “Plantão” e “Assessoria Especial GBP” [Gabinete do Prefeito].

Os funcionários eram escalados também para constranger beneficiários das cestas básicas distribuídas durante a pandemia da Covid-19, impedindo críticas à qualidade dos produtos.

A Polícia Civil abriu inquérito e cumpriu nove mandados de busca e apreensão. O caso será investigado pelo Ministério Público. A chefe de gabinete de Crivella foi convocada a depor.

A votação desta quinta-feira foi marcada por bate-boca entre apoiadores e opositores de Crivella. Em oposição ao prefeito, o vereador Célio Luparelli (DEM) comparou a atuação dos guardiões à ação de milicianos. “Uma verdadeira atitude de milícia. Ficou nítido o desvio de função. Negar isso é negar as evidências. É virar as costas à população”, comentou.

Leonel Brizola (PSOL) chamou os integrantes do grupo de “jagunços contratados pelo poder público”. As críticas foram reforçadas por Paulo Pinheiro (PSOL): “Quem nomeou esses guardiões, esses capangas para trabalhar nessa função? Tentando impedir o trabalho da imprensa e que familiares tenham informações”.

O vereador Inaldo Silva (Republicanos), do mesmo partido de Crivella, defendeu o prefeito. “Faltam menos de três meses para a eleição e um processo desse vai acrescentar o que? Será que estão querendo desestabilizar o prefeito? O prefeito é forte. A força dele não vem dele e sim da fé dele. Por isso que forte não é quem bate, e sim quem apanha e resiste”, comentou Silva.

O vereador Marcelo Siciliano (Progressistas) também saiu em defesa do prefeito. Ele citou o legado que o prefeito deixará à cidade, como os tomógrafos comprados durante a pandemia. “Que atire a primeira pedra quem nunca errou”.

As informações são da FolhaPress

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