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Política & Poder

Bolsonaro, Lula e governadores falham como cabos eleitorais, aponta Datafolha

Apenas os pernambucanos se mostraram mais suscetíveis àquele que é considerado o grande filho político da terra, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Redação Jornal de Brasília

09/10/2020 13h19

Igor Gielow
São Paulo, SP

O peso eleitoral de políticos nacionais nas eleições municipais é relativo, aponta uma pesquisa do Datafolha feita em 5 e 6 de outubro em quatro capitais do país.

Foram ouvidos eleitores em São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Recife. Apenas os pernambucanos se mostraram mais suscetíveis àquele que é considerado o grande filho político da terra, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Lá, onde o Datafolha ouviu 800 pessoas com uma margem de erro de três pontos percentuais, 35% dos moradores votariam num nome indicado pelo líder petista. Outros 41% dizem que nunca votariam.

Há um aspecto geracional: enquanto 41% dos mais velhos (acima de 60 anos) votariam num nome de Lula, apenas 22% dos mais jovens (16 a 24 anos) o fariam. Na cidade, a candidata do PT, Marília Arraes, está empatada em segundo lugar com Mendonça Filho (DEM).

Lidera a disputa João Campos (PSB), filho do já morto Eduardo Campos, que é apoiado pelo governador Paulo Câmara, do mesmo partido. Aqui não parece haver correlação direta: 57% dos ouvidos dizem não votar num nome indicado pelo chefe estadual, enquanto 14% afirmam que sim.

Jair Bolsonaro, por sua vez, é também mau cabo eleitoral. No Recife, 63% nunca votariam num nome apoiado por ele, ante 16% que o fariam.

Índices semelhantes se encontram em São Paulo e Rio. Na capital paulista, há uma evolução possível de aferir, dado que as perguntas já haviam sido feitas em 21 e 22 de setembro.

O quadro é de estabilidade. Dos 1.092 entrevistados, 63% não aceitariam uma indicação de Bolsonaro, 54%, de Lula e 60%, do governador João Doria (PSDB).

O tucano é um dos principais antípodas do presidente durante esse ano de pandemia, e busca viabilizar sua candidatura ao Planalto em 2022. No pleito paulistano, apoia o prefeito Bruno Covas (PSDB), que foi seu vice no cargo e está em segundo na corrida com 21%.

Já Bolsonaro lançou, após dizer que não iria apoiar ninguém no primeiro turno, o deputado Celso Russomanno (Republicanos) na última hora na capital.

Com forte “recall” das duas eleições que perdeu em 2012 e 2016, ele hoje lidera a disputa com 27%, mas com uma desconfortável curva de rejeição em alta e adensamento das intenções de voto dos rivais.

Votariam com certeza num candidato de Bolsonaro 16%, ante 11% que seguiriam o conselho de Doria e 21%, o de Lula. Se isso irá se reverter em vantagem para Jilmar Tatto (PT), é algo que a campanha na TV poderá responder. Até aqui, ele tem meros 1% das intenções de voto.

No Rio, o ponto fora da curva é a rejeição a indicações feitas pelo governador interino do estado, Cláudio Castro (PSC), que está na cadeira do afastado Wilson Witzel, do mesmo partido.

Só 3% dos 900 cariocas entrevistados ouviriam a opinião de Castro, enquanto 69% não votariam de forma alguma num nome indicado por ele. Bolsonaro e Lula seguem o padrão paulistano e belo-horizontino como cabos eleitorais: 59% não aceitam um candidato do presidente, 58% descartam alguém indicado pelo ex-presidente.

Não por acaso, o candidato bolsonarista, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), está bastante atrás de Eduardo Paes (MDB) segundo o Datafolha, assim como a ex-governadora Benedita da Silva, ex-ministra de Lula e postulante do PT.

Já em Belo Horizonte a rejeição a uma indicação do presidente é menor: 53%, enquanto 16% dizem que topariam com certeza um nome bolsonarista.

Lá a posição do prefeito Alexandre Kalil (PSD), cujo partido nominalmente integra a base e o governo Bolsonaro, mas prega independência e cuja trajetória nada tem a ver com a do presidente, é confortável. Hoje ele estaria reeleito com 56%.

Os mineiros da capital também aceitariam melhor uma dica de seu governador, Romeu Zema (Novo), eleito na safra da antipolítica que levou Bolsonaro ao poder em 2018. Dos ouvidos, 48% não comprariam um nome por ele indicado, e 11% dizem que o fariam.

Lula, que já teve aliados governando Minas, tem maior rejeição como cacique. Não embarcariam numa candidatura bancada pelo petista 57%, enquanto 18% dizem que sim. Foram entrevistados na cidade 800 eleitores.

As pesquisas foram feitas pela Folha em parceria com a TV Globo. O Datafolha registrou as pesquisas nos Tribunais Regionais Eleitorais sob os número SP-08428/2020 em São Paulo, PE-08999/2020 no Recife, MG-09256/2020, em Belo Horizonte e RJ-09140/2020, no Rio.

As informações são da FolhaPress

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