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Política & Poder

Bolsonaro: ideologia dominou escolas, mídia e invadiu lares para atingir família

O mandatário brasileiro criticou o “politicamente correto” e afirmou que ele passou a dominar o debate público para “expulsar” a racionalidade

Aline Rocha

24/09/2019 13h31

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira, 24, em discurso na abertura da 74ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York (EUA), que a ideologia “se instalou no terreno da cultura, da educação e da mídia, dominando meios de comunicação, universidades e escolas”. Bolsonaro disse, ainda, que a ideologia invadiu lares para “investir contra a célula mater de qualquer sociedade saudável, a família.”

O mandatário brasileiro criticou o “politicamente correto” e afirmou que ele passou a dominar o debate público para “expulsar” a racionalidade. “O politicamente correto passou a dominar o debate público para expulsar a racionalidade e substituí-la pela manipulação, pela repetição de clichês e pelas palavras de ordem”, discursou.

Depois de dizer que a ideologia “deixou um rastro de morte, ignorância e miséria por onde passou”, Bolsonaro lembrou o atentado à faca que sofreu há um ano durante a campanha eleitoral, em Juiz de Fora, no interior de Minas Gerais. O presidente ainda se recupera da quarta cirurgia decorrente do atentado, realizada em 8 de setembro passado, em São Paulo. “Fui covardemente esfaqueado por um militante de esquerda e só sobrevivi por um milagre de Deus”, disse o líder brasileiro.

O presidente disse, ainda, que a ONU “pode ajudar a derrotar o ambiente materialista e ideológico que compromete alguns princípios básicos da dignidade humana”. Antes de finalizar o discurso com um agradecimento a Deus, voltou a citar uma passagem bíblica: “Nas questões do clima, da democracia, dos direitos humanos, da igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres, e em tantas outras, tudo o que precisamos é isto: contemplar a verdade, seguindo João 8,32: ‘E conheceis a verdade, e a verdade vos libertarás'”.

‘Discurso de Bolsonaro foi deplorável’, diz Randolfe Rodrigues

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) classificou o discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura da Assembleia-Geral das Nações Unidas como “deplorável”. Para ele, o presidente rompeu a tradição multilateral brasileira e errou gravemente ao atacar povos indígenas.

“Foi possível achar um pouco de civilidade no Trump (Donald Trump, presidente norte-americano) depois dele, por incrível que pareça. Trump conseguiu ser civilizado e democrata em seu discurso. Para ver o quão absurdo foi a fala de Bolsonaro. Foi deplorável”, disse.

No discurso, Bolsonaro reiterou conceitos do “bolsonarismo” ao atacar o socialismo e o que ele classificou como “ambientalismo radical” e “indigenismo ultrapassado”. O presidente brasileiro fez menção direta à França, país que esteve na linha de frente das críticas ao Brasil na questão da Amazônia.

“É possível fazer um discurso duro sem ser tosco, desagradável. Envergonhou o Brasil, rompeu a tradição multilateral brasileira, atacou nações amigas do Brasil tradicionalmente como a França. Se colocou sujeito aos Estados Unidos e não teve a reciprocidade americana no discurso seguinte, de Donald Trump”, avaliou Randolfe.

Para ele, a crítica ao cacique Raoni, líder indígena conhecido mundialmente, significou um ataque aos símbolos brasileiros. “Era a mesma coisa que ter subido à Assembleia da ONU e ter rasgado a bandeira brasileira”, disse.

Randolfe afirmou que é possível que haja algum tipo de reação dos parlamentares à fala de Bolsonaro na ONU, tanto no Senado quanto na Câmara, mas com ações pontuais, como discursos em plenário.

Estadão Conteúdo

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