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Política & Poder

Às vésperas da votação de parecer pelo impeachment, comissão da Assembleia do Rio concluiu relatório que endossa destituição de Witzel

Eleito na esteira anticorrupção e na onda bolsonarista, Witzel nega as acusações de participação no esquema de desvios da Saúde no Rio

Redação Jornal de Brasília

17/09/2020 13h05

Em meio à votação, nesta quinta-feira, 17, do relatório que pede o impeachment do governador afastado do Rio, Wilson Witzel (PSC), um segundo documento formulado pela comissão formada para acompanhar a pandemia de covid-19 no Estado reforça as suspeitas de irregularidades no governo.

Em 141 páginas, o deputado Renan Ferreirinha (PSB), relator da comissão, endossa a tese de que Witzel usou o cargo para revogar a desqualificação do Instituto Unir Saúde e favorecer a organização social suspeita de irregularidades em contratos firmados com a Secretaria de Saúde fluminense. O despacho do governador, assinado em março, derrubou uma resolução administrativa e permitiu que a OS pudesse voltar a contratar com o Poder Público – embora tivesse sido excluída do rol de prestadoras aptas em razão de irregularidades na prestação de serviços em ocasiões anteriores.

“Ao revogar a desqualificação da Unir, mesmo diante da comprovação nos autos do processo administrativo que os serviços prestados não atendiam adequadamente à população, o Governador Wilson Witzel justificou sua decisão afirmando que a manutenção da execução do contrato pela contratada Unir “traria maior vantagem para administração”. De fato, há evidências de que a manutenção do contrato seria vantajosa sim, mas para interesses privados de atores públicos e empresários”, diz um trecho do relatório concluído na segunda-feira, 14.

O documento foi enviado pela ‘Comissão Covid-19’ para o presidente da Assembleia Legislativa do Rio, André Ceciliano (PT), com sugestão expressa para que seja encaminhado a órgãos de investigação e controle e à comissão mista que será formada para processar o impeachment caso o parecer favorável à destituição do governador seja aprovado hoje pela Casa.

Além disso, o relatório pede que quatro nomes ligados à Unir sejam incluídos como investigados nas apurações envolvendo irregularidades entre a organização social e o governo fluminense. São eles: Bruno José da Costa Kopke Ribeiro, diretor médico da Unir e doador da campanha de Wiltzel; José Carlos Rodrigues Paes, ex-presidente do Conselho da Unir nomeado, em julho, para a Superintendência de Atenção Especializada, Controle e Avaliação da Secretaria Estadual de Saúde; Luiz Cláudio da Costa, diretor administrativo-financeiro da Unir descrito como ‘manda-chuva’ da organização social; e o advogado Antonio Vanderler de Lima, apontado como ‘amigo íntimo’ do governador, doador da campanha de Witzel e pai do advogado que representa a Unir em contratos com o governo.

A desqualificação da Unir ensejou um dos pedidos de impeachment de Witzel depois que a Operação Favorito prendeu o então subsecretário de Saúde, Gabriell Neves, ‘número dois’ da pasta, e trouxe a público trechos de interceptações telefônicas obtidas pelo Ministério Público Federal que sugeriam o pagamento de propina em troca do favorecimento da OS.

“O zero 1 do palácio assinou aquela revogação da desclassificação da Unir”, disse Luiz Roberto Martins Soares, apontado pelos procuradores como sócio oculto do empresário Mário Peixoto na organização social.

A relação entre Peixoto e Witzel continuou a ser investigada e, na Operação Tris In Idem, que afastou o governador do cargo por 180 dias, o empresário foi apontado como líder de um dos três grupos ocultos supostamente instalados na máquina pública do Rio de Janeiro para se beneficiar do loteamento de compras e contratações.

Eleito na esteira anticorrupção e na onda bolsonarista, Witzel nega as acusações de participação no esquema de desvios da Saúde no Rio. “Fui eleito tendo como pilar o combate à corrupção e não abandonei em nenhum momento essa bandeira. E é isso que, humildemente, irei demonstrar para as senhoras deputadas e senhores deputados”, disse, após a abertura do processo de impeachment.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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