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Política & Poder

Após ofensa a Maia, Salles pede a Abin para apurar suposta invasão em sua conta no Twitter

O ministro, então, decidiu a bloquear sua conta no perfil por um “procedimento de segurança”, segundo relatos à reportagem

Redação Jornal de Brasília

29/10/2020 12h39

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, pediu na manhã desta quinta-feira, 29, que a Agência Brasileira de Investigação (ABIN) investigue a suposta invasão de sua conta no Twitter. A medida foi tomada após o ministro alegar que seu perfil na rede social foi “utilizado indevidamente” para ofender o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Apesar disso, mesmo dentro do governo a versão de Salles é vista com desconfiança.

A interlocutores, Salles alegou que durante a campanha eleitoral de 2018, quando concorreu ao cargo de deputado federal pelo partido Novo em São Paulo, diversas pessoas tiveram o seu login e senha. Ele justificou que os dados jamais foram alterados por ele. O ministro, então, decidiu a bloquear sua conta no perfil por um “procedimento de segurança”, segundo relatos à reportagem. O Estadão apurou que, além da Abin, Salles também disse ter acionado o Twitter para tentar identificar a origem do login supostamente feito por um invasor. Aos interlocutores, o ministro disse que esclarecido o episódio deve voltar à rede social.

Na noite de quarta, uma publicação do perfil de Salles em resposta a Maia chamava o deputado de “Nhonho”. O apelido é utilizado de forma pejorativa pelos bolsonaristas contra o presidente da Câmara, em referência ao personagem da série mexicana “Chaves”.

Por volta das 6h30 desta quinta, 29, após repercussão no meio político, o ministro postou outro comentário na rede social: “Fui avisado há pouco que alguém se utilizou indevidamente da minha conta no Twitter para publicar comentário junto a conta do Pres. da Câmara dos Deputados, com quem, apesar de diferenças de opinião sempre mantive relação cordial”. Em seguida, a conta na rede social saiu do ar.

A versão de Salles de que teve a conta invadida não foi comprada por integrantes do governo. Colegas de Executivo, em conversas reservadas com o Estadão, afirmam acreditar que a ofensa a Maia partiu do ministro ou de alguém de sua equipe.

O chefe do Meio Ambiente está em viagem oficial ao arquipélago de Fernando de Noranha (PE) acompanhado do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio. Também participam da comitiva o presidente da Embratur, Gilson Machado, e o secretário especial da Pesca, Jorge Seif Junior.

Apesar disso, ministros que têm boa relação com Salles, argumentam que o presidente da Câmara exagerou no tom ao criticar o chefe do Meio Ambiente. No dia 24, Maia escreveu: “Ricardo Salles, não satisfeito em destruir o meio ambiente do Brasil, agora resolveu destruir o próprio governo”.

A suposta reação a Maia, entretanto, não incomodou o presidente Jair Bolsonaro, que pediu à equipe, em reunião ministerial, que não lavasse “roupa suja” em público. Segundo interlocutores do Planalto, o recado do presidente foi para parar brigas entre ministros. Maia é presidente da Câmara, tem um histórico de atritos com Bolsonaro e é alvo frequente da ala ideológica e militância bolsonarista.

A ofensa de Salles a Maia ocorreu na sequência de atritos na Esplanada, que se tornaram públicos na quinta-feira, 22. Também no Twitter, Salles chamou o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, de “Maria Fofoca”.

O ataque ocorreu na esteira de uma nota publicada pelo jornal O Globo, afirmando que Salles estava “esticando a corda” com militares do governo. O ministro do Meio Ambiente viu ali o dedo de Ramos e, além disso, atribuiu ao colega uma ação para desidratar sua pasta, convencendo a equipe econômica a retirar verbas que deveriam ser destinadas ao Meio Ambiente para o combate às queimadas.

No último domingo, 25, em mensagem também publicada nas redes sociais, Salles pediu “desculpas pelo excesso” ao chamar Ramos de “Maria Fofoca”. O ministro da Secretaria de Governo, por sua vez, disse que “uma boa conversa apazigua as diferenças”.

Apesar da trégua, o confronto continuou nos bastidores do governo, escancarando novamente as divergências entre a ala ideológica, que apoia Salles, e o núcleo militar, que ficou ao lado de Ramos. O general também ganhou o respaldo de Maia, do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-PR).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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