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Política & Poder

Após conversa com empresários, Câmara deve criar grupo de trabalho para pautas sustentáveis

Um ponto abordado na reunião foi a transparência em relação às políticas de rastreamento de produtos, tanto por parte do governo quanto das empresas

Redação Jornal de Brasília

28/07/2020 15h33

Depois de reunião de empresários na manhã desta terça-feira, 28, com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, os parlamentares se comprometeram a criar criar um grupo de trabalho para acompanhar e fazer avançar pautas de cunho sustentável, de acordo com a presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Marina Grossi, e outras lideranças do setor empresarial que participaram do encontro;

“Se não colocarmos de maneira organizada a agenda ambiental, vamos perder um campo de atuação muito importante”, falou, em entrevista coletiva virtual concedida após o encontro, a presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Marina Grossi.

A conversa com Rodrigo Maia, ainda segundo Marina, foi objetiva e faz parte de um longo caminho. O mesmo grupo já fez uma primeira reunião com o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, e ainda terá conversas com Davi Alcolumbre, presidente do Senado, Augusto Aras, Procurador Geral da República, e Dias Toffoli, atual ministro presidente do STF.

Esse grupo de empresários é o mesmo que enviou a Mourão uma carta cobrando providências do governo em relação ao avanço do desmatamento e das queimadas na Amazônia, assinada por presidentes de grupos como Itaú, Klabin e Marfrig. E o movimento vem ganhando cada vez mais força. Se a carta inicial tinha 38 assinaturas, o grupo já conta agora com 61 empresas.

Reinvenção da economia

Também presente no encontro desta terça-feira, Marcello Brito, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), ressaltou que existe um pedido do grupo, e que está em discussão na Câmara, sobre um dispositivo sustentável para novas linhas de crédito, eventualmente concedidas pelo Executivo e pelo Congresso. As empresas precisariam adotar critérios ambientais positivos para terem acesso às verbas. “É importante que tenham requerimentos de cumprimento de regras acerca da economia verde. Precisamos aproveitar o momento de reinvenção da economia nacional, na saída da crise pós-pandemia, para irmos em busca de uma economia mais inclusiva, com todos os setores”, fala.

Outro ponto abordado na reunião foi a transparência em relação às políticas de rastreamento de produtos, tanto por parte do governo quanto das empresas. Esse rastreio funciona da seguinte forma: as empresas checam se os fornecedores de determinados materiais adotaram medidas sustentáveis do ponto de vista ambiental. Além disso, segundo Brito, é preciso avaliar, também, se houve intermediários na cadeia de produção, ou seja, se o fornecedor comprou algo de produtores que não sigam a legislação brasileira.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove), André Nassar, diz que o sistema de rastreamento não é infalível, mas sempre pode ser aprimorado, para que, cada vez mais, haja uma menor possibilidade de erro. “Nós estamos falando de setores em que cada empresa às vezes tem 10 mil fornecedores. O sistema vai passando por aprimoramento, não é infalível. Mas uma coisa é estar parado, outra coisa é estar se aprimorando”, explica. “O boi, por exemplo, a primeira coisa é rastrear quem fornece, a segunda é quem forneceu o bezerro. As empresas rastreiam quem vende, mas, às vezes, vem de outro fornecedor. Dependendo do caso, pode parar de comprar daquele fornecedor por conta de alguma irregularidade”, completa.

O presidente do Pacto Global, Carlo Pereira, afirmou que todos esses pontos são importantes para evitar políticas de desinvestimento de grandes fundos, desde soberanos até os grandes do mercado, como o BlackRock. Em junho, um grupo de quase 30 instituições financeiras globais exigiu que o governo brasileiro freasse o desmatamento, ameaçando retirar quantias investidas no Brasil caso isso não avançasse.

“O desinvestimento vai continuar se as empresas estrangeiras não virem transparência no Brasil. Os grandes fundos têm cada vez mais capacidade de fazer análise de governança mais severa. A pressão vai aumentar cada vez mais”, diz Pereira. “Se não tiver resposta adequada, vai ter evasão de recursos.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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