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Política & Poder

Após acusar ligação de Wyllys com facada, homem que aparece em foto com Adélio não sustenta versão para PF

A notícia do depoimento também foi distorcida por sites bolsonaristas, que afirmaram que Mergulhador teria dito à PF que Adélio foi ao gabinete de Wyllys

Redação Jornal de Brasília

29/04/2020 14h39

PF confirmou que o homem suspeito de ter esfaqueado o candidato Jair Bolsonaro, Adélio Bispo de Oliveira, de 40 anos, foi detido por populares e seguranças e conduzido por policiais federais para a Delegacia da Polícia Federal em Juiz de Fora.

O ativista Luciano Carvalho de Sá, conhecido como Luciano Mergulhador, não sustentou história narrada em live com bolsonaristas no domingo, 26, quando interrogado pelo delegado Reginaldo Donizetti Gallan Batista, da Superintendência Regional da PF em Santa Catarina. O depoimento foi colhido na última segunda, 27, no dia seguinte às acusações que ligavam o ex-deputado federal Jean Wyllys ao ataque de Adélio Bispo contra Bolsonaro em 2018.

A notícia do depoimento também foi distorcida por sites bolsonaristas, que afirmaram que Mergulhador teria dito à PF que Adélio foi ao gabinete de Wyllys. A peça de desinformação foi compartilhada pelo filho do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro.

Em nenhum momento Mergulhador fez tal afirmação aos investigadores, conforme íntegra do depoimento obtida pela reportagem.

Luciano Mergulhador se identificou como o homem que aparece ao lado de Adélio com o cartaz ‘Temer Renuncia’ em uma foto que, segundo diz, foi tirada durante a greve dos caminhoneiros. Na live bolsonarista, no domingo, 26, ele alegou que conversou diretamente com Adélio na ocasião.

“Ele comentou comigo, cara, que simplesmente nem todos os políticos são inúteis. Tá, mas quem seria um bom político, né, que ele poderia apresentar. E ele disse: ‘Lá no Congresso Nacional, no anexo 4, tem um deputado federal que simplesmente seria um bom político’”, disse.

Mergulhador afirma ao longo do vídeo, junto de bolsonaristas, que tal deputado seria Jean Wyllys, que Adélio não teria problemas psiquiátricos e teria visitado a Câmara dos Deputados.

Perante a PF, contudo, Mergulhador disse que não conhece Adélio Bispo e que o único contato que teve com ele ‘foi no referido movimento social e na ocasião da fotografia’. Sobre a menção de Jean Wyllys, o ativista não cita, em nenhum momento, ligação de Adélio com o ex-deputado ou supostas visitas ao seu gabinete.

Mergulhador narra apenas que ouviu, no dia da foto, ‘alguém’ citar deputados de esquerda, como Wyllys, contra a afirmação de seu cartaz, que dizia no verso a frase ‘políticos inúteis’. Ele não especifica que essa pessoa é Adélio.

“Que esclarece que na ocasião, conversou com várias pessoas no local sobre o movimento e se recorda de alguém ter comentado sobre os deputados do anexo 4, ou seja, deputados de esquerda, tendo sido citado expressamente o ex-deputado Jean Wyllys”, afirmou. “Que esclarece que o comentário sobre tais deputados se deu em razão da frase ‘políticos inúteis’ no verso do cartaz ‘Renuncia Temer’, tendo alguém afirmado que não são todos os políticos inúteis, sendo citado os deputados do Anexo 4 e expressamente o ex-deputado Jean Wyllys”.

O ativista destaca que, no dia da foto com Adélio, não houve ‘nenhum comentário sobre atentar contra a vida de políticos, especificamente contra o presidente Jair Bolsonaro, na época deputado federal’.

Mergulhador também afirma que não recebeu nada para participar da live bolsonarista.

Estadão Conteúdo

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