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Política & Poder

Advogados da Lava Jato afirmam que Moro procurou mais se defender do que atacar

Para especialistas, depoimento de Moro mostrou um recuo e trouxe poucas novidades em relação ao que o ex-ministro já havia afirmado

Redação Jornal de Brasília

06/05/2020 9h32

Alguns dos principais criminalistas que enfrentaram a Força-Tarefa de Curitiba e defenderam seus clientes na Operação Lava Jato afirmaram que o depoimento do ex-juiz Sérgio Moro significou um recuo e trouxe poucas novidades em relação ao que o ex-ministro já havia afirmado desde que deixara a pasta da Justiça, no dia 24 de abril. “O Moro arredondou a história. Fez um recuo sem comprometer o presidente e sem se comprometer”, afirmou o criminalista Alberto Zacharias Toron.

Também criminalista, Roberto Podval, que defende o ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, afirmou que Moro não tinha outra opção em seu depoimento. Para Podval, se o ex-juiz desse uma opinião negativa o presidente poderia se colocar em uma posição difícil. Tanto ele quanto Toron acreditam que o Ministério Público Federal (MPF) poderia questioná-lo. Entre as hipóteses de acusações que o ex-titular da Justiça poderia, em tese, ter de enfrentar está a de prevaricação.

“Moro assumiu uma postura defensiva”, afirmou Podval. Durante a Lava Jato, era conhecida a fama de estrategista de Moro. O então magistrado se comportava sempre como se estivesse dois passos atrás do que ele realmente estava e de onde gostaria de chegar. “Mas lá era ele quem decidia, e a retórica usada por ele com os investigados pouco importava.”

De acordo com Podval, o ex-juiz se vê agora diante de uma situação nova, que ele não controla: ele não pode mais “escrever o roteiro” do que vai acontecer, por mais que imagine aonde ele pode terminar. “As decisões sobre o futuro de Moro estão nas mãos do procurador-geral da República e do ministro Celso de Mello e isso o colocou na defensiva. Moro está na posição de muitos que passaram pela 13.ª Vara criminal de Curitiba: é também um investigado.”

Podval continua argumentando que, ao dizer que não denunciou crime nem imputou nada ao presidente, o ex-ministro se exime da obrigação de provar o que quer que seja e não pode ser acusado de creditar ao presidente um conduta ilícita que ele soubesse ser mentirosa. “Ele se coloca fora do campo criminal, da acusação de denunciação caluniosa ou da prevaricação, pois seria preciso a prova do dolo, da intenção do agente em cometer o crime.” Para o criminalista, Moro tenta conduzir seu relato para os campos da moral e da ética. “Resta saber se o roteiro que Moro tenta escrever terá o fim desejado pelo ministro.”

Estadão Conteúdo

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