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Política & Poder

‘Abusaram da liberdade criativa’, diz Moro sobre a série ‘O Mecanismo’

Agência Estado

11/04/2018 16h44

Reprodução

Um repórter d’O Estado de S. Paulo encontrou o juiz Sérgio Moro em um vôo de Porto a Alegre a Curitiba, esta semana, e registrou impressões do magistrado e suas ações nos cerca de 50 minutos no trajeto. Dentre as opiniões menos genéricas ou constrangidas emitidas, estava uma sobre o abuso de liberdade criativa que ele enxergou na série ‘O Mecanismo’.

Conforme o relato, os passageiros do voo 4156 da Azul  já estavam acomodados quando uma das aeromoças disse a um passageiro da segunda fileira que iria colocar a bagagem dele em outro local no fundo do corredor da aeronave. “Vamos ter que colocar aqui a mala do juiz”, explicou. Nesse momento, Sério Moro entrou no avião e se acomodou no assento da janela na primeira fileira. Ele não circulou pelo setor de embarque antes.

A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, que estava na poltrona do corredor ao lado de Moro, tentou então a primeira abordagem, quem sabe uma entrevista exclusiva, mas o juiz disse que precisava trabalhar.

O lugar ao seu lado ficou vago, apesar do voo estar quase lotado. Ao perceber quem era o tal “juiz”, o passageiro assentiu com cabeça e afirmou, dirigindo-se a Moro: “O sr. fez muito pelo Brasil”.

No dia anterior, o magistrado ele havia feito duas palestras na capital gaúcha para mais de 2 mil pessoas e com transmissão ao vivo pela internet. Seu rosto estava na capa de todos os jornais locais e nacionais dos passageiros a bordo.

No Fórum da Liberdade ele elogiou a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, por ser discreta e não falar com a imprensa.

Atividades diversas

No trajeto de pouco mais de 50 minutos até Curitiba e poucas horas antes do interrogar Marcelo Odebrecht, Moro se dividiu entre a leitura de inquérito e do livro “Exellent Cadavers”.

A obra de Alexander Stille aborda a luta do magistrado italiano Giovanni Falcone contra a máfia até seu assassinato, em 1992. “Estou lendo pelo segunda vez”, disse Moro ao ser questionado pelo repórter sobre o que estava achando da obra.

Depois de tomar uma Coca-Cola e comer um salgado e uma saco de balas de goma em forma de avião, o juiz deixou o livro de lado. Foi a deixa para uma segunda tentativa: o que achou da série ‘O Mecanismo’?

“Abusaram da liberdade criativa na série, mas eu de fato ia de bicicleta de vez em quando”. Ao ser questionado se achou o ator parecido com ele, apenas sorriu, encabulado, e balançou a cabeça negativamente. Após a aterrissagem, Moro tentou cruzar o corredor da aeronave em busca da mala.

Ao perceber que seria impossível, pediu ao comissário que fizesse isso para sua mochila. Foi então que outro passageiro se aproximou: “O Brasil inteiro está orando pelo sr.”. Moro sorriu, agradeceu e saiu da aeronave antes dos demais passageiros.

Foi recebido no corredor de desembarque por dois seguranças que o seguiram até a saída. No caminho, parou em uma loja e comprou duas revistas, uma delas com o seu rosto na capa. No trajeto até a caminhonete branca em que embarcou não foi abordado nem hostilizado.

Parecia um passageiro como outro qualquer quando entrou no veículo e foi seguido por outro carro de sua escolta.

Fonte: Estadao Conteudo

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