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“Sequelas vão além do trauma físico”, diz vítima de escalpelamento

Em 2010, foi instituído por lei o Dia Nacional de Combate e Prevenção ao Escalpelamento, que é lembrado no dia 28 de agosto

Agência UniCeub

27/08/2021 18h25

Rosinete Serrão, vítima de escalpelamento (Foto: Arquivo Pessoal)


Luana Correa e Vitor Rosas
Agência UniCeub

“Temos a autoestima muito baixa e não somos incluídas no mercado de trabalho”. O sentimento da professora Rosinete Serrão, de 44 anos, reforça que as sequelas do trauma que ela viveu vão além de marcas físicas e emocionais. O problema é tão grave que, em 2010, foi instituído por lei o Dia Nacional de Combate e Prevenção ao Escalpelamento, que é lembrado no dia 28 de agosto.

O escalpelamento arrancou os 60 centímetros de cabelo que Rosinete tinha em questão de segundos. Isso aconteceu porque não havia proteção no eixo do motor do barco que ela usou como transporte para voltar de uma festa. Na época, ela estava com 20 anos de idade, quando viu perspectivas de vida serem profundamente abaladas.

Conscientização

“Ocorre com adultos e crianças do sexo feminino, mas existe uma incidência um pouco maior em crianças entre 4 a 12 anos de idade”, diz a assessoria de comunicação social da Marinha do Brasil. O órgão faz parte de uma equipe que busca conscientizar e dar visibilidade à realidade de exclusão enfrentada por quem sofre diariamente com o fato.

A Capitania dos Portos da Amazônia Oriental é um dos responsáveis por informar, principalmente a população ribeirinha, sobre o incidente. São realizadas palestras, folders educativos e spots na Rádio Marinha Belém.

“As atividades visam incentivar a instalação de cobertura gratuita dos motores, bem como integrar a Comissão Estadual de Enfrentamento ao Acidente com Escalpelamento para atuar de forma conjunta com demais órgãos, a fim de erradicar esta tragédia”, completa a Tenente Ohana.

Apoio às meninas e mulheres

O esforço conjunto continua com a assistência fornecida pela Santa Casa de Misericórdia do Pará e pelo Espaço Acolher da própria instituição. No local são oferecidas cirurgias reparadoras e tratamento adequado à situação de cada paciente, respectivamente.

O estado do Amapá é outro que já teve um alto índice de casos. Foi por conta desse fator que em 2007 a própria Rosinete criou a Associação de Mulheres Ribeirinhas Vítimas de Escalpelamento na Amazônia.

“Durante todos esses anos conseguimos duas leis federais em prol das vítimas e, ainda, um benefício assistencial do Governo Federal”, comenta a fundadora. A organização também recebe doações de cabelos para fazer perucas e assim contribuir com a autoestima das vítimas.

Número de ocorrências

A Marinha do Brasil registra acidentes de escalpelamento anualmente desde 1979. Mas com o aumento das políticas de prevenção é possível observar uma redução nas ocorrências: de 2019 a este ano o número caiu de 13 para 8.

Arte: Paulo Nobrega

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