A qualidade do sono pode ser prejudicada pelo ronco, fazendo com que a pessoa acorde cansada e sonolenta, mesmo tendo dormido por 10 horas. Além disso, é frequente sua associação à Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAHOS), o que pode causar diversos problemas de saúde, em especial, cardiovasculares.
Conforme a pneumologista com mais de dez anos de experiência em distúrbios do sono, Aída Alvim, o paciente raramente relaciona os problemas que enfrenta durante o dia a um sono de má qualidade. “Por conta disso, quem acaba levando esta pessoa ao médico é o parceiro incomodado com o barulho do ronco”, complementa.
A SAHOS consiste em roncos associados a paradas respiratórias com mais de 10 segundos, que ocorrem mais de cinco vezes por hora de sono. “A parada respiratória acontece devido a uma tendência da via aérea superior se fechar por conta de desposição de gordura na região, deformidades craniofaciais e relaxamento muscular local durante o sono”, coloca a médica.
Inicialmente a pessoa passa a reclamar de sonolência excessiva diurna ou de suas consequências, nem sempre identificadas pelo paciente como associados à noite mal dormida; perda de memória; dificuldade de raciocínio; irritabilidade; depressão; agitação psicomotora – muito comum em crianças que frequentemente são rotuladas e tratadas como hiperativas. O paciente pode chegar a ter prejuízos no trabalho ou no relacionamento. “A sonolência aumenta em cerca de quatro a sete vezes a chance de sofrer um acidente automobilístico”, informa a pneumologista.
Quando o quadro persiste, outras implicações mais sérias podem ocorrer como: pressão alta, arritmias cardíacas (batimentos irregulares), infarto ou até mesmo derrame cerebral e impotência sexual. Além disso, outras doenças já foram ligadas a ela, como por exemplo, diabetes e obesidade.
Os sinais de alerta para a existência deste distúrbio do sono são: ronco alto, paradas respiratórias durante o sono, obesidade, queixo curto, pressão alta, ou a ausência da redução fisiológica da pressão durante o sono, sono excessivo durante o dia, dificuldade de atenção, sensação de não ter descansado após acordar, dor de cabeça ao despertar, irritabilidade, depressão, dentre outros.
Para se diagnosticar é preciso fazer um exame chamado por polissonografia. O paciente passa uma noite em um laboratório de sono, onde são monitoradas suas ondas cerebrais, coração, respiração, os movimentos corporais e dos olhos, e o oxigênio do sangue. “Quando o diagnóstico é confirmado, um segundo exame, em geral, é necessário, para testarmos o tratamento. Lembrando que isso só é feito após o diagnóstico por um médico especializado”, afirma a dra. Aída. Já existem clínicas que disponibilizam o exame para ser feito em casa, o que garante mais conforto ao paciente, como o caso da Clínica Respirar.
O tratamento envolve a prática da atividade física e hábitos saudáveis de alimentação, no intuito de emagrecer. Caso a obesidade seja única causa do SAHOS, seu controle pode vir somente com esta medida, o que ocorre com uma parte dos pacientes. “A perda de peso é benéfica não somente no tratamento do problema, mas também para a hipertensão, diabetes, colesterol alto, que são frequentemente associadas à apneia”, reforça.
Há ainda o CPAP, que é um aparelho semelhante a um compressor de ar, que ajuda o indivíduo a respirar durante o sono. Ele é conectado ao tubo que leva o ar até uma máscara nasal ou oronasal. Ele cria uma corrente de ar por meio das narinas ou da boca, e faz com que o ar passe livremente para os pulmões. “Existem outras opções que devem ser dadas aos pacientes, selecionados a critério do médico especialista”, finaliza Alvim.