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Saúde

Residente de ortopedia com deficiência auditiva recebe óculos de realidade aumentada

Equipamento doado permite transcrição em tempo real e representa avanço na inclusão de profissionais com deficiência na saúde

Redação Jornal de Brasília

15/05/2025 18h24

Foto: Alberto Ruy/IgesDF

Foto: Alberto Ruy/IgesDF

O médico residente em ortopedia Gilson Batista Sousa Junior, de 28 anos, deu um passo importante para vencer os desafios da comunicação no ambiente hospitalar. Nesta quinta-feira (15), ele recebeu um par de óculos de realidade aumentada que transcrevem falas em tempo real e projetam legendas diretamente em seu campo de visão. A tecnologia, importada dos Estados Unidos, foi doada pela Associação Amigos do Hospital de Base (HBDF), onde ele atua.

Diagnosticado com deficiência auditiva aos dois anos, em decorrência de uma meningite, Gilson convive desde a infância com as dificuldades impostas pela surdez. Atualmente em processo de adaptação a um implante coclear, realizado em janeiro, ele relata que ainda depende de esforço mental intenso para compreender as conversas — especialmente durante cirurgias, quando o uso de máscaras torna impossível a leitura labial.

“Continuo enfrentando barreiras auditivas que exigem muito foco e energia mental”, explicou o residente, que enxerga nos óculos uma ferramenta transformadora. “Vai me permitir entender com precisão o que está sendo dito, mesmo em ambientes ruidosos ou quando as máscaras impedem a leitura labial. Isso vai potencializar meu aprendizado e integração com a equipe e os pacientes”.

A doação do aparelho foi articulada por voluntários da associação, sensibilizados com a história de Gilson. A presidente da entidade, Maria Oneide da Silva, contou que o equipamento foi ofertado por um médico do próprio hospital, que preferiu não se identificar. “O doador se prontificou a ajudar o colega – foi um gesto de humanidade e solidariedade”, afirmou.

Durante a entrega, a superintendente interina do HBDF, Fernanda Hak, parabenizou o residente. “Esperamos que você aproveite ao máximo esses óculos e, da mesma forma que recebeu essa doação, continue doando seu talento e dedicação para cuidar dos pacientes. Sua trajetória é um exemplo para todos nós”, disse.

Superação desde a infância

Nascido em Aparecida de Goiânia (GO), Gilson perdeu a audição ainda na infância. Mudou-se para Taguatinga (DF), onde estudou em uma escola bilíngue e aprendeu Libras. De volta a Goiânia, enfrentou obstáculos na inclusão escolar, mas conseguiu garantir intérpretes com o apoio do Ministério Público.

Antes de ingressar na medicina, chegou a iniciar o curso de ciência da computação, mas foi na saúde que encontrou sua vocação. “Sempre quis ajudar as pessoas, especialmente aquelas que enfrentam limitações, como eu. A medicina é a maneira mais nobre de converter minha história em apoio para quem precisa”, contou.

Ao receber os óculos, Gilson fez questão de agradecer à Associação Amigos do Hospital de Base, ao IgesDF, aos professores e colegas de trabalho. “Esse gesto representa muito mais do que tecnologia: é inclusão, empatia e apoio a um sonho. A deficiência pode limitar os sentidos, mas não precisa limitar os propósitos. Espero que minha trajetória inspire outros jovens com deficiência a acreditarem que é possível”, afirmou.

Com informações do IgesDF

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