São Paulo, 22 – Por oito semanas consecutivas, contadas até o dia 16 deste mês, o Brasil registrou aumento na confirmação de casos de covid-19, segundo boletim do Instituto Todos pela Saúde (ITpS), que alerta para uma alta na circulação do vírus SARS-CoV-2. Nas últimas quatro semanas, em especial, o instituto percebeu que a positividade de testes para covid aumentou de 5% para 13%.
O aumento foi visto em todas as faixas etárias, mas foi maior na de 30 a 59 anos. Na última semana, o Distrito Federal apresentou a maior taxa de testes positivos (19%), seguido por Rio de Janeiro (18%) e São Paulo (18%). As análises do ITpS consideram a positividade de exames para a infecção – uma taxa que contrapõe exames feitos e positivos. Os dados são dos laboratórios parceiros Dasa, DB Molecular, Fleury, Hermes Pardini, Hilab, HLAGyn, Hospital Israelita Albert Einstein, Sabin e Target.
Em contrapartida, diz o boletim de monitoramento, os demais vírus respiratórios seguem com positividade igual ou abaixo de 5%. Com isso, o SARS-CoV-2 é o vírus respiratório de maior circulação.
O infectologista Marcelo Otsuka, presidente do departamento de Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo e do Comitê Materno-Infantil da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), que não está envolvido com o ITpS, afirmou ao Estadão que, de fato, atualmente se observa um aumento de casos de covid nos consultórios.
Maior incidência
“Quando olhamos para os gráficos, desde o início da pandemia, percebemos que nesta época do ano, assim como em janeiro e dezembro, costuma haver um certo aumento de casos”, relata o médico. “Tradicionalmente, esses meses não são os de maior incidência das infecções virais e dos quadros respiratórios. A sazonalidade do covid ainda não está estabelecida, mas parece que é um pouco diferente de outros vírus, como o VSR e o influenza.”
Diante da alta de casos, o infectologista destaca que a melhor forma de se proteger contra a doença é estar com a vacinação em dia.
Além disso, ele alerta que pessoas com sintomas respiratórios devem fazer o teste e evitar contato com outras pessoas, sobretudo pertencentes a grupos de risco – como crianças muito pequenas, imunodeprimidos e idosos. O uso de máscara é recomendado neste caso.
Nova variante
Na metade de julho, o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) confirmou a circulação de uma nova variante, a XFG, no Rio. Ela já havia sido detectada nos Estados de São Paulo, Ceará e Santa Catarina. As análises dos casos no Rio foram realizadas após um leve aumento de diagnósticos de covid-19 em unidades básicas da cidade.
Registrada inicialmente no Sudeste Asiático, essa linhagem tem se espalhado rapidamente em vários países. Ela foi classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como “variante sob monitoramento” no fim de junho.
Na visão de Otsuka, faltam dados para dizer que ela seja a responsável pela alta de casos no País.
Estadão Conteúdo