Wanessa Ribeiro*
Embora possa soar como um termo complexo, a ozonioterapia é uma abordagem terapêutica promissora que utiliza uma mistura de gases oxigênio e ozônio. Originada no século XIX, a ozonioterapia chegou a ser usada durante a 1ª Guerra Mundial, onde médicos alemães e ingleses utilizaram o ozônio para tratamento de feridas em soldados. Agora, o método terapêutico é utilizado em vários países, com muitos resultados positivos e reconhecido por várias e renomadas instituições de saúde do mundo, tendo assim, ultrapassado o estágio de método experimental, sendo usada hoje como um tratamento complementar eficaz.
A ozonoterapia tem suas raízes no final do século XIX, quando cientistas exploraram as propriedades únicas do ozônio. O ozônio é uma molécula composta por três átomos de oxigênio (O3), que é altamente complexo e reativo. Ele pode ser produzido artificialmente através da exposição de oxigênio ao processo de descarga elétrica, como em máquinas de ozonoterapia. A ação germicida do ozônio medicinal é conhecida há mais de um século. Suas propriedades cicatrizantes já eram aplicadas na primeira guerra mundial, para tratamento de feridas. Recentemente, pesquisadores da Universidade de São Paulo demonstraram que o gás ozônio foi capaz de inativar completamente a superbactéria KPC.
A ozonioterapia, em função de suas propriedades virustáticas, modulação inflamatória e imunológica, de melhoria das condições circulatórias e de oxigenação tecidual, é muito utilizada em várias patologias com impacto epidemiológico complementar. Como o ozônio possui propriedades anti-inflamatórias, antissépticas e modulação do estresse oxidativo, além da melhora da circulação periférica e oxigenação, já podemos assim imaginar o amplo número de patologias em que a ozonioterapia pode ser utilizada.
No Brasil, a publicação da Portaria n° 702, de 21 de março de 2018 pelo Ministério da Saúde, incluiu novas práticas na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares – PNPIC, no âmbito do SUS, sendo a ozonioterapia uma dessas práticas, podendo ser aplicada por qualquer profissional da área de saúde. A partir desse marco, os Conselhos de Classe buscaram compreender e regulamentar a ozonioterapia no âmbito de atuação de cada profissão.
Agora, com a sanção da Lei 14.648, de 04 de agosto de 2023, que autoriza a ozonioterapia no Brasil, estão aprovadas as indicações odontológicas e estéticas da técnica. Sendo importante lembrar que todos os equipamentos médicos usados em procedimentos terapêuticos devem ser submetidos à avaliação e aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), garantindo sua segurança e adequação para uso clínico. Além disso, toda a avaliação e incorporação de qualquer nova prática ou tecnologia no Sistema Único de Saúde (SUS) passa pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC) que avalia critérios como evidências científicas, segurança, eficácia e efetividade na saúde pública.
Já quanto a quem pode aplicar a técnica, a legislação aponta que só estão autorizados os profissionais de saúde de nível superior inscritos em conselhos profissionais.
Não há dúvidas de que a ozonioterapia é uma terapia promissora com o potencial de ajudar milhões de pessoas. Mas, como em qualquer outro procedimento, é importante consultar um profissional de saúde qualificado antes de iniciar o tratamento.
- Wanessa Ribeiro, enfermeira, graduada em Biomedicina, especialista em ozonioterapia e sócia-fundadora do Cer Saúde Integrativa