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Saúde

Lipo LAD custa até 100 mil e constrói barriga de tanquinho na mesa de cirurgia

Febre entre influencers como a influenciadora GKay e o modelo Lucas Guimarães, a técnica de lipoaspiração de definição tem conquistado

FolhaPress

06/08/2022 13h12

Munik Nunes mostra resultado de Lipo LAD durante ensaio fotográfico. Foto: Leo Franco / Agnews

Danielle Castro
Ribeirão Preto, SP

Os nomes da moda são muitos: lipo LAD (lipoaspiração de alta definição), lipo HD (high definition ou alta definição, em português), lipo 3D e lipo 4k. A cirurgia plástica, entretanto, é a mesma e tem um público bem específico: atletas e pessoas magras que buscam deixar seus músculos abdominais em destaque.

Febre entre influencers como a influenciadora GKay e o modelo Lucas Guimarães, a técnica de lipoaspiração de definição tem conquistado aqueles que malham, malham, mas não chegam de forma orgânica ao tão sonhado tanquinho.

Especialistas afirmam que a cirurgia oferece a mesma segurança a lipoaspiração convencional e, como todas as plásticas, tem riscos. É indicada apenas para pessoas com peso considerado normal, sem comorbidades e deve ser feita somente por profissionais especializados.

A lipoaspiração é segunda cirurgia plástica mais feita no mundo (15% dos registros contra 15,8% do implante de silicone) e a mais realizada no Brasil, com 1,5 milhões de intervenções do tipo feitas por ano, segundo a SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica).

De acordo com dados de um estudo realizado pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) publicado pela revista Surgical & Cosmetic Dermatology, a mortalidade em lipoaspirações varia de 2,6 a 19 óbitos a cada 100 mil operações. Os dados foram obtidos por meio de questionários enviados às sociedades médicas e institutos de medicina legal, mas os pesquisadores acreditam que essas informações ainda estão mal declaradas.

Para Osvaldo Saldanha Filho, cirurgião plástico chefe e membro da SBCP, apesar da dinâmica do mercado estar aquecida, a ética deve prevalecer.

“Lipo HD é tão segura quanto a lipo tradicional. Mas é importante que o paciente saiba escolher um profissional que tenha essa qualificação para exercer a técnica. A medicina não pode ser negociável. É importante que o paciente seja o beneficiário”, aponta o cirurgião.

O custo do procedimento varia entre R$ 15 a R$ 100 mil no Brasil, de acordo com a região e o hospital, mas a maior parte custa em média de R$ 30 a R$ 60 mil.

No pós-operatório imediato o paciente é obrigado a utilizar um dreno por cerca de três dias e ficar em casa, mas não há restrição de movimento. O resultado começa a aparecer entre 15 e 30 dias, mas fica completamente visível somente após seis meses.

O especialista em lipo LAD Wilian Pires, 37, lembra que o procedimento não é indicado para o emagrecimento, apenas para retirar o excesso de gordura, uma vez que a aspiração é feita nas intersecções musculares, seguindo a anatomia do corpo.
Ele indica para pessoas com IMC (índice de massa corporal) até 25.

“Quanto menor o IMC, melhor o resultado a longo prazo. O ideal é que o paciente seja uma pessoa que leva uma vida saudável, já faz atividade física e já come bem. Essa vai ter um resultado melhor”, diz Pires.

A designer de interiores Mônica Lopes, 25, fez a lipo LAD em janeiro do ano passado e agora está curtindo os resultados.

“Sempre fui magra, mas tinha acumulado a famosa gordurinha localizada que me incomodava muito. E o resultado foi incrível. Ficou super natural, não tem um pessoa que olhe e fale: ‘é lipo’. Acho isso um ponto muito importante”, diz a paciente.

Ela conta que manteve a drenagem na rotina, porque além de melhorar a adaptação do corpo à lipo, também melhorava o aspecto da pele na região do procedimento.

Lopes já treinava e após a cirurgia intensificou a ida à academia. “Vejo muitas pessoas com o pensamento de que irão fazer a cirurgia e ficarão com a barriga perfeita para sempre, não é bem assim. A cirurgia precisa vir junto com uma mudança de hábitos, do contrário, você perderá o resultado.”

Os primeiros dias do pós-operatório foram a pior parte, na opinião da designer. “É bem chatinho. Dores, inchaço, ansiedade, pois você quer ver o resultado o quanto antes. Mas toda a frustração passa em dias e quando você começa a ver o resultado, pensa: valeu a pena”, diz.

O cirurgião plástico Oswaldo Saldanha lembra que a tecnologia de alta definição em lipoaspiração foi desenvolvida para os homens. “Poucas mulheres fazem a de alta definição. Na maioria, fazemos uma definição média ou uma definição pequena”, afirma.

A lipo HD é uma variação avançada das técnicas tradicionais desenvolvidas desde 2000 no Brasil, e que ganharam essa nova função a partir de 2016.

“A lipoaspiração [convencional] era feita de forma uniforme e praticamente apagava a anatomia muscular do paciente, era uma coisa fake. A lipo de definição ou HD faz o contrário. Nós fazemos uma lipoaspiração seletiva, que ressalta e vai destacar a anatomia do próprio paciente”, diz Saldanha.

Por essa razão, os resultados do procedimento são diferentes dependendo de quem faz.

“Digo que a lipo HD é uma evolução porque ela segue a anatomia humana. O cirurgião inventa os músculos, aqueles gominhos? Não. A gente só ‘lipa’ as intersecções intermusculares para definir esses músculos”, concorda Wilian Pires.

Para ele, que fez cursos extras no México e na Colômbia para realizar o procedimento, o paciente só deve fazer a cirurgia HD se for algo que de fato o incomoda e não por modismo.

“Nenhum procedimento é isento de riscos. A lipo HD é bastante segura porque teve evolução da técnica, dos equipamentos, da anestesia, do conhecimento disseminado, mas não se aprende HD na residência, precisa ser um cirurgião especialista”, afirma Pires.

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