Quatro em cada dez casos de cegueira infantil, conforme o último relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), são reversíveis ou evitáveis com o diagnóstico e tratamento adequado. A catarata congênita atinge um em cada 250 neonatos e pode ser considerada a maior causa de cegueira na infância. Ela provoca opacificação no cristalino que, dependendo do grau, pode interferir na passagem de luz, distorcendo ou reduzindo a quantidade de raios luminosos que atingem a retina. Nas crianças, podem estar presentes ao nascimento – catarata congênita -, ou desenvolver-se durante a infância – catarata infantil ou juvenil. Em 64% dos casos está presente nos dois olhos. Na maioria das vezes é impossível identificar a causa da doença. Em menos de 30% há uma causa genética; podendo ser hereditária ou estar associada a síndromes e/ou anomalias cromossômicas. As infecções intrauterinas, como a rubéola, por exemplo, podem também causar a doença.
A catarata congênita deve ser cuidada o mais precocemente possível e o tratamento depende da localização e intensidade da opacificação, grau de deficiência visual, alterações oftalmológicas e idade da criança. Alguns dependem apenas de colírios, oclusão e óculos especiais para melhorar a acuidade visual. Outros precisarão de cirurgia para corrigir o problema. “Vai depender do comprometimento da acuidade visual e da avaliação das condições funcionais do olho. Se uma criança tem catarata grave e não é tratada rapidamente ela pode desenvolver uma ambliopia, que é uma falha no desenvolvimento da capacidade visual e isso pode ser irreversível”, explica a dra. do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), Aline Guimaraes, responsável pelo setor de Catarata Congênita.
Segundo a médica do HOB, o principal sinal da catarata congênita é o reflexo pupilar branco, a leucocoria. A catarata pode estar associada a estrabismo, nistagmo (quando os olhos não apresentam movimentos coordenados) ou até a microftalmia, quando o olho fica menor que o normal. “O quadro clínico de catarata congênita pode ser grave devido ao seu potencial para impedir o normal desenvolvimento da visão da criança!”, explica a dra. Aline.