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Saúde

Dia do Palhaço: Por que algumas pessoas têm tanto medo deles?

A ciência explica: coisas ambíguas, em geral, dão muito mais medo do que aquelas que são abertamente ruins, confirma neurocientista Fabiano de Abreu

Redação Jornal de Brasília

10/12/2020 14h38

Hoje é 10 de dezembro. Data em que se celebra no Brasil o Dia do Palhaço. Personagens tão comuns na infância, conseguem despertar um sentimento forte de medo em crianças e até em alguns adultos. Tamanho receio diante daquelas figuras caricatas pode ser explicada com ajuda da ciência.

Segundo o neurocientista, filósofo e psicanalista Fabiano de Abreu, tudo é fruto da forma como a nossa mente observa o personagem: “A figura do palhaço se enquadra no famoso ditado ‘lobo em forma de cordeiro’. Afinal, por não sabermos o que está ali por trás daquela máscara, o nosso cérebro reptiliano (aquele que é fruto de milhões de anos de evolução), ativa um sinal de alerta de perigo diante deles.”

Quando isso acontece, “além dos neurônios já terem armazenados as figuras que envolvam riscos reais, o corpo desperta a ansiedade, e, consequentemente, ativa a amígdala. Esta é uma região do cérebro que cuida dos instintos e das emoções, e ela traz este sentimento de preocupação e desperta uma série de pensamentos negativos para a pessoa”, explica.

No entanto, Abreu ressalta que não são todos os personagens tradicionais da infância que geram este sentimento nas pessoas: “Um exemplo disso é quando a pessoa alimenta uma figura engraçada e carinhosa, como o Papai Noel, e outra debochada, como o palhaço”. A imagem natalina, por exemplo, é algo de fácil identificação na mente humana, “pois mesmo a pessoa tendo a barba real ou postiça, por exemplo, o cérebro traz aquela ideia real de um bom velhinho. Além disso, a pessoa já tem essa informação guardada de que um idoso não vai fazer mal à ela”, completa.

Mas, com o palhaço a história é um pouco diferente: “Neste caso, por serem personagens espalhafatosos, que gostam de zombar com as outras, com brincadeiras que não inspiram conforto e segurança, geralmente eles acabam amedrontando as crianças com essas atitudes e se torna um símbolo de terror, por exemplo. Daí este medo e insegurança tão grande deles”, reforça o neurocientista.

Além disso, Fabiano enfatiza que, “como o palhaço é um personagem ambíguo, esta insegurança está ali guardada na parte mais instintiva do cérebro”. Para reverter isso, é importante que as famílias reforcem a visão contrária do palhaço para que a criança não cresça com estes bloqueios na mente: “Mostre que aquela figura é engraçada, divertida e que ele vai trazer coisas boas para a criança”, recomenda. Depois disso, é só aproveitar o espetáculo e dar boas risadas com eles.

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