
Para muitas pessoas, dezembro é o mês mais esperado do ano. É tempo de alegria, confraternização nas empresas, preparação de festas de Natal e Ano Novo, comemoração das conquistas e hora de traçar novos objetivos. Porém, nem todo mundo está disposto a tantas celebrações.
“Com a proximidade do fim do ano, as pessoas tendem a refletir sobre perdas e ganhos. Se o resultado for negativo, maior a chance de o indivíduo se sentir frustrado e triste. As festividades também podem trazer situações estressantes, como ter que encontrar familiares com os quais não há uma boa relação e ouvir cobranças sobre planos para o próximo ano”, comenta Dra. Helena Moura, psiquiatra especialista em dependência química.
A médica ressalta que, nessa época do ano, os consultórios psiquiátricos costumam ter aumento no número de pacientes. “Isso porque os transtornos afetivos, em especial a depressão, podem ser sazonais. Brasília, especificamente, tem muitas pessoas que vivem longe de suas famílias e nem sempre o reencontro durante o Natal e Ano Novo é possível. Esse sentimento de solidão em um período em que todos parecem estar felizes pode fazer com que o indivíduo se sinta muito infeliz”, destaca a psiquiatra.
Dra. Helena acrescenta que as principais queixas dos pacientes são sintomas depressivos, como tristeza, desânimo e sensação de não conseguir sentir prazer com as coisas que antes gostava de fazer. “Nesse tipo de caso, se os sintomas forem leves, psicoterapia de apoio pode ser suficiente, deixando as medicações, quando necessárias, para algum sintoma específico, como insônia. Em casos mais graves, pode haver necessidade do uso de antidepressivos”, explica.
Tempo de recaídas
Esse período é vulnerável, também, às recaídas. Ou seja, aquelas pessoas que passaram o ano todo longe de drogas e, principalmente, álcool estão propensas a ceder aos velhos hábitos. “Este é um momento em que a pessoa pode se sentir pressionada pelo contexto social de festas e ‘ter de brindar o Ano Novo’, por exemplo”, menciona Dra. Helena Moura.
Além disso, a médica lembra que tem, ainda, o famoso “eu mereço”. “O indivíduo pensa que conseguiu ficar um certo tempo sem beber e, por isso, consegue se controlar e beber só um pouquinho numa data tão especial”, exemplifica a psiquiatra.
Xô depressão!
Para evitar frustrações no fim do ano, Dra. Helena Moura indica que as pessoas se conheçam melhor. “Temos que entender uma coisa: o que é bom para umas pessoas pode não ser o melhor para nós. É fundamental saber os próprios limites”.
Outra dica da especialista é que na hora de planejar 2016, as pessoas tracem metas mais realistas. “Pensar em um plano de ação para concretizar os objetivos ajuda a cumpri-los mais facilmente. Além disso, é sempre bom fazer pequenos balanços de revisão ao longo do ano para ver se está indo no caminho certo”, indica.
Por fim, Dra. Helena enfatiza que é quase impossível controlar tudo e que adversidades são comuns. “Entender que ainda há possibilidade de se conquistar o que deseja e que os erros cometidos ao longo do ano podem servir de aprendizagem ajuda muito”, conclui.