Eleito o melhor jogador do Campeonato Mundial de vôlei, Murilo esteve prestes a desfalcar o Brasil no fim da partida decisiva, contra Cuba. Sem o melhor de suas condições físicas devido a cãimbras na panturrilha, o jogador ainda pisou no pé de Wilfredo Leon ao tentar um bloqueio no começo do terceiro set, torcendo o tornozelo esquerdo.
Na hora, Murilo recebeu atendimento médico, mas insistiu em permanecer em quadra. Uma presença que se deu puramente no sacrifício. “Acho que se tivesse um quarto set, eu não iria conseguir jogar e até atrapalharia um pouco a equipe”, admitiu o atleta, que está com o local inchado e roxo. “Estava pedindo para todo mundo se esforçar e acabar logo com o jogo no terceiro set”, contou.
Para manter um de seus destaques em quadra, o Brasil precisou modificar a forma de jogar: nos contra-ataques, Murilo praticamente não foi mais acionado, tampouco nas bolas de fundo meio. O jogador também passou a se poupar no saque, um de seus pontos fortes na competição. “Comecei a sacar flutuante porque era difícil de saltar para sacar viagem”, revelou.
A montagem do bloqueio também passou por alterações. “A gente estava trocando de lugar antes porque o León ataca alto e precisava de um bloqueio maior, mas aí ele me falou: “Vai lá porque acho que estou pior do que você, eu não vou conseguir pegar ele, não””, contou Bruno.
O levantador, aliás, também jogou a decisão no sacrifício. Depois de sofrer um pisão do próprio Murilo no tornozelo esquerdo durante o segundo set da semifinal contra a Itália, Bruno não aguentou continuar na partida. Do sábado para o domingo, passou a noite fazendo tratamento e chegou a duvidar de sua condição física para atuar na final contra Cuba.
“No bobinho antes do jogo e sinceramente achei que não ia conseguir jogar. Até falei para o Marlon (seu reserva imediato), mas quando fui conversar com a comissão técnica eles já tinham entregado o papel com os seis que saem jogando”, contou o atleta. “Para saltar não estava incomodando, eu estava com dificuldades principalmente no arranque. Até falei para o pessoal: “Olha, se o passe quebrar muito, for para longe, vocês vão, o (líbero) Mario Jr. vai, alguém tem que levantar porque nesses deslocamentos longos eu não conseguiria chegar bem na bola””, reconheceu.