A trajetória vitoriosa de Bernardinho não pode ser acompanhada apenas na seleção brasileira masculina. Apesar de ter a possibilidade de se dedicar apenas às suas palestras e outros projetos pessoais ao longo do ano, o técnico encara o desafio de comandar um time feminino, a Unilever, quando não está a serviço da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV). E é tão bem sucedido comandando o time azul quanto a seleção da camisa amarela.
Iniciado no Paraná em 1997, o hoje Unilever (antigo Rexona) é o maior vencedor brasileiro da história de clubes femininos: ao todo, são seis títulos nacionais, todos conquistados sob o comando do treinador. Quase todas as grandes jogadoras brasileiras já jogaram com ele, que também mantém um projeto social junto com a empresa, o “Esporte Cidadão”, destinado a crianças e adolescentes. Como “bônus”, o programa revela novas atletas, caso da ponteira Suelle e da levantadora Roberta, atualmente profissionais do Rio de Janeiro.
Para tentar retomar o título perdido para o Sollys/Osasco na última temporada, a Unilever investiu em duas estrelas da seleção brasileira que nunca haviam trabalhado com o treinador, a ponteira Mari e a oposto Sheilla. E ambas já encantam o aparentemente durão Bernardinho: enquanto a primeira, em recuperação de uma cirurgia no joelho, é definida como “divertida e focada”, a segunda ganha elogios por sua determinação e vontade “de iniciante” mesmo já sendo consagrada.
Veja parte da entrevista…”Preciso conhecê-la um pouco mais, mas o mais bacana é que ela quer. Eu falo dela com uma certa emoção, é uma coisa admirável. Não sei dizer se é a melhor jogadora do mundo, mas certamente ela é uma das melhores. E a Sheilla veio para cá como se fosse uma iniciante. Tem prazer de estar aqui, quer aprender… que todos se mirem neste exemplo! As coisas mais importantes da sua vida são aquelas que você aprende quando acha que já sabe tudo. Ela certamente não acha que sabe tudo, a postura dela é de gente que quer acontecer, está sedenta por isto.
Trata-se de uma atleta excepcional no dia-a-dia do trabalho, tem uma dedicação e uma humildade admiráveis. É uma menina que eu já conhecia à distância, mas eu aprendi a admirar. Você tem prazer de trabalhar com uma jogadora desse tipo, ela pode nos ajudar muito na ausência de outras importantes, como a Fabizona. Mas vamos precisar construir um grupo para enfrentar em boas condições Osasco e Araçatuba, pois, por mais que a Sheilla seja ótima, temos que ter um grupo consistente. É isso o que estamos tentando fazer”.