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Política & Poder

‘Uma menininha de 25 anos tem direito de dizer: não quero sair com o Adolfo’, diz Sachsida em vídeo

Sachsida ainda diz que não é um analfabeto no assunto e que, inclusive, já fez publicações no Brasil e no exterior sobre o tema

FolhaPress

12/05/2022 18h43

Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) realiza audiência pública interativa para instruir a PEC 6/2019 que modifica o sistema de previdência social, estabelece regras de transição e disposições transitórias, e dá outras providências. Entre os convidados estão o secretário de Previdência e Trabalho; economistas; e representantes dos auditores fiscais, dos procuradores do trabalho e dos trabalhadores em educação.À mesa, em pronunciamento, secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida.Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Joana Cunha

“Eu estou com 43 anos, estou barrigudo, fora de forma. Uma menininha aí de 25 anos tem o direito de dizer: eu não quero sair com o Adolfo, aquele cara é um velho, é barrigudo. Será que ela está me discriminando?”.

A pergunta foi feita pelo novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, em um vídeo que ele publicou há seis anos na internet. A conversa faz parte de uma série intitulada “Aprenda economia com Sachsida”.

No módulo em que ele fala da atração física, o tema é cota. Ele usa exemplos do que chama de “mercado da paquera” para dizer que é da natureza humana discriminar. “Será que uma pessoa tem o direito de discriminar outra? Essa pergunta é mais difícil do que parece, porque, no fundo, discriminação quer dizer escolher”, afirma.

Em outro trecho da introdução de sua aula ele diz que muitas mulheres discriminam homens. “Aquele cara é baixinho, não quero, é careca, é barrigudo, aquele é feio, é gordo, chato. Será que está errado isso? Será que nós precisamos de uma política para obrigar as mulheres a gostarem de homens feios, carecas, baixinhos, gordos, chatos, burro, pobre e com mal hálito. Será que esse cara é discriminado pelas mulheres? É claro que é discriminado. Nunca vi muita mulher correndo atrás de um cara desses. Estão entendendo onde eu quero chegar? Todos nós discriminamos. Discriminar é inerente ao ser humano. É natural ao ser humano. Em vários atos durante o nosso dia nós discriminamos”, ele prossegue, antes de começar a refletir sobre o papel do estado. “Será que o estado deve intervir nisso?”, pergunta.

Ao apresentar seu raciocínio, Sachsida diz que não é um analfabeto no assunto e que, inclusive, já fez publicações no Brasil e no exterior sobre o tema, além de ter dado aulas em doutorado.

O mesmo raciocínio, segundo ele, vale para a contratação de mulheres e negros. “Quando você tem economias competitivas, eu acho que leis obrigando o empresário a pagar igual para homem e para mulher, para branco e para negro, obrigando o empresário a contratar alguma minoria, são leis ineficientes, porque o próprio mercado resolve esse problema”, diz Sachsida.

Ele mostra pensamentos semelhantes para falar de diferença entre salários de mulheres bonitas e feias. Em um de seus exemplos, o ministro diz que, se fosse competir por uma vaga para jogar em um time de basquete, seria preterido por um esportista negro. No mesmo vídeo, ele chega a afirmar que é negro, mostrando um lado do braço. E, ao mesmo tempo, diz que também é branco, mostrando outro lado do braço.

No setor elétrico, a demissão de Bento Albuquerque foi recebida com surpresa e desapontamento, já que o ex-ministro tinha uma avaliação positiva no mercado.

Nas conversas privadas, a chegada de Sachsida é tratada como incógnita. Na manhã de quarta (11), empresários do setor foram levantar informações sobre o novo ministro porque ele é desconhecido no meio. Há um receio de que o perfil possa trazer turbulências no momento em que se discute a modernização do marco regulatório, se estiver muito alinhado a ideologias bolsonaristas em vez de um perfil técnico mais equilibrado.

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