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Política & Poder

Tempo de TV de Nunes, de 65%, é o maior da história das eleições de São Paulo

Nunes tem que enfrentar ainda o desafio de ter conteúdo atrativo e que resulte em votos para tanto espaço

Redação Jornal de Brasília

05/09/2024 10h04

ricardo nunes

Foto: Reprodução/Band

RANIER BRAGON E CAROLINA DAFFARA
BRASÍLIA, DF, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

A propaganda eleitoral na TV e rádio começou na sexta-feira (30) com um marco inédito. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) tem 65% do espaço dos blocos fixos e também das chamadas “inserções”. Trata-se do maior tempo, disparado, de todas as 11 disputas em São Paulo no atual período democrático.

À frente de uma coligação de 12 partidos, a segunda maior da história, a candidatura de Nunes é a primeira que controla mais da metade da propaganda na TV.

O trunfo, porém, tem que ser relativizado devido à atual divisão da influência de TV e rádio com as redes sociais e aplicativos de mensagem, terreno em que o prefeito está atrás de quatro de seus concorrentes, segundo o IPD (Índice de Popularidade Digital) da Quaest.

Nunes tem que enfrentar ainda o desafio de ter conteúdo atrativo e que resulte em votos para tanto espaço. Ele também busca afastar o mau presságio vindo do passado.

O recorde anterior de maior tempo de propaganda na eleição de São Paulo era de um emdebista, João Oswaldo Leiva.

Em 1988, ele teve 41% do espaço de propaganda no rádio e na televisão e era o candidato apoiado pelo prefeito Jânio Quadros (PTB), pelo governador Orestes Quercia (PMDB) e pelo presidente José Sarney (PMDB).

Abertas as urnas, porém, ele ficou apenas em terceiro lugar, com 17,5% dos votos válidos, bem distante do segundo colocado, Paulo Maluf (30,1%), e da petista Luiza Erundina, que venceu a disputa com 36,8% dos votos válidos.

O cenário nacional de hiperinflação e a impopularidade de Sarney à época afundaram as pretensões eleitorais do partido, o que levou o próprio Quércia a culpar o presidente da República pelo fracasso em São Paulo e em outras regiões do país.

Na atual disputa, Nunes tem 6 minutos e 30 segundos em cada bloco de 10 minutos na TV (às 12h e às 20h30, de segunda a sábado), além de 55 inserções diárias de 30 segundos -essas peças são veiculadas nos intervalos comerciais das emissoras.

Guilherme Boulos (PSOL) tem o segundo maior espaço, com 2 minutos e 22 segundos em cada bloco do horário eleitoral e 20 inserções. José Luiz Datena (PSDB) tem 35 segundos por bloco (5 inserções) e Tabata Amaral (PSB), 30 segundos (4 inserções).

Os demais candidatos não têm tempo na propaganda eleitoral por serem de partidos que não tiveram um desempenho mínimo nas últimas eleições gerais -entre eles, Pablo Marçal, do nanico PRTB, que de acordo com a última pesquisa do Datafolha está em empate técnico na liderança da disputa ao lado de Nunes e Boulos.

“O Ricardo tem o que mostrar”, diz o deputado federal Baleia Rossi (SP), que é presidente nacional do MDB e coordena a campanha do prefeito.

“Tem uma gestão bem avaliada, eficiente, e a gente vai mostrar o que o Ricardo já fez enquanto gestor. Vamos mostrar o que ele vai poder fazer. Quando você mostra as maiores obras da história de São Paulo e as maiores entregas de políticas públicas, isso credibiliza as propostas futuras.”

Rossi reconhece que a propaganda na TV e rádio não tem o mesmo peso dos anos 1980 e 1990, mas diz apostar nas inserções. “Apesar de não ter o mesmo efeito do passado, eu acho que ainda é muito relevante. Temos pesquisas que mostram que a maioria da população ainda se informa pela televisão.”

O emedebista afirmou que o uso de parte desse tempo para criticar adversários será uma decisão do marketing da campanha.

Coordenador da candidatura de Boulos, o também deputado federal Rui Falcão (PT-SP) diz que a eleição servirá como mais um teste do poder da propaganda na TV e rádio, tendo em vista ao menos dois exemplos anteriores de candidatos com pouquíssimo tempo de propaganda que ou venceram o pleito ou foram para o segundo turno: Jair Bolsonaro na disputa presidencial de 2018 e o próprio Boulos na eleição da cidade de São Paulo em 2020.

“Eu acho que nós estamos com um tempo razoável e apostamos muito nas inserções, que é o que vale mais que tudo. Temos plano de governo testado, aprovado, sabemos o que fazer, amos aproveitar esse tempo ao máximo mostrando propostas e, quando for o caso, respondendo a ataques”, diz Falcão.

“O prefeito tem muito dinheiro, gasta muito, gasta mal e entrega pouco. Se a linha de TV repetir o que é incompetência dele na gestão, vai ser tempo demais para ele estragar, ele não vai sair ganhando não.”

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