Com o segundo mandato do governador Teotônio Vilela Filho (PSDB) chegando ao fim, o cenário político em Alagoas ainda é nebuloso. A avaliação do governo não é das melhores: está entre as 10 últimas em todo o País e as importantes forças do estado ainda conversam sobre as coligações. A única certeza é que os nomes tradicionais continuam a mandar no processo político.
O PMDB está em dúvida em quem deve ser o nome para disputar o governo. Pode ser tanto o senador Renan Calheiros, quanto o deputado federal Renan Filho. Já o senador Benedito de Lira (PP) é também um nome de peso que pode entrar no jogo como aliado do governador. Todos esses e o senador Fernando Collor (PTB) fazem parte do chamado “chapão”, grupo de oposição ao governo estadual que pode rachar dependendo das ambições de cada legenda.
Para muitos, o candidato deve ser Renan pai, que nutre o sonho de ser governador do estado, desde que foi derrotado nas eleições de 1990, e foi apontado como líder das intenções de voto em pesquisas recentes. Por outro lado, Renan Calheiros Filho tem trabalhado para se viabilizar candidato ao governo. Pesa a favor do filho ter sido o deputado federal mais votado em Alagoas nas últimas eleições. Além disso, a influência da família é grande e pode ajudar.
Abriu o caminho
Em entrevistas recentes, Teotônio Vilela Filho declarou que pretende permanecer no governo até o dia 31 de dezembro e, portanto, não poderia disputar as eleições. Mesmo assim, nenhum nome foi lançado ainda pelo governador e é provável que o PSDB tenha um candidato a vice-governador. Aí é que entram dois tucanos com destaque recente, os ex-secretários de Desenvolvimento Econômico, Luís Otávio Gomes, e de Infraestrutura, Marco Fireman, que poderiam compor a chapa.
A saída para o governador seria uma aliança com o senador Benedito de Lira (PP), que já se posiciona como candidato. Ele foi o senador mais votado nas últimas eleições e poderia ser o nome para tentar bater de frente com um dos Calheiros, apesar de fazer parte do mesmo grupo de oposição. Como ainda tem mandato por mais quatro anos, o parlamentar poderia disputar a eleição sem prejuízo. O que pode pesar contra a candidatura de Lira seria um convite para assumir o Ministério das Cidades.
Em busca do palanque
Além de se colocar à disposição para concorrer à eleição majoritária, o deputado federal Renan Filho foi categórico em dizer que o PMDB terá candidato a governador, contra o governo. Ele, seu pai e o ex-prefeito de Arapiraca, Luciano Barbosa, são as opções, de acordo com o deputado, para conseguir a vitória. “A decisão deve acontecer em abril, quando tivermos resultados de pesquisas. Como fazemos parte da oposição, é natural que nosso adversário esteja no palanque de Aécio Neves, o que dificulta uma aliança com o grupo do governo”, afirmou. A intenção do PMDB, de acordo com Renan Filho, é fazer um alinhamento entre as esferas nacional e local. “Queremos trazer o maior número possível de partidos da base do governo federal”, completou.
Correndo por fora
Correndo por fora tem o vice-governador, José Thomaz Nonô (DEM). Em outubro do ano passado o partido anunciou a pré-candidatura de Nonô, ao governo do estado para as eleições de outubro deste ano. O nome do atual vice foi escolhido pelo partido à unanimidade de votos. O DEM tomou a decisão após o governador, Teotônio Vilela, divulgar que não iria disputar as eleições. Com a possível candidatura de Nonô, o cenário atual se inverte. O cabeça da chapa poderá ter um vice tucano.
Ponto de vista
Segundo a cientista política Luciana Santana, da Universidade Federal de Alagoas, a receptividade do candidato apoiado por Teotônio Vilela depende do desempenho do governo até a eleição. A decisão do governador de ter ficado no poder até o fim do ano pode acabar favorecendo uma melhora na avaliação. “Existe a chance das iniciativas, como o Plano Piloto de Segurança Pública, começar a dar resultados e melhore a imagem até do PSDB no estado. Iniciativas como essa podem acabar sendo absorvidas pela população”, afirmou. A especialista aponta que apesar de serem nomes com muita influência em Alagoas, tanto Calheiros quanto Collor possuem um grande nível de rejeição na capital do estado.