A composição das chapas na eleição do Espírito Santo pode ter um movimento importante neste fim de semana. O PT pode sair ou não do governo de Renato Casagrande (PSB), caso opte por um alinhamento com a coligação nacional do partido com o PMDB. Já existem pré-candidatos, todos em busca de um cenário favorável para ir às urnas.
Com a saída do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), do governo federal, as coligações com o PT nos estados ficaram ameaçadas. É o caso do Espírito Santo, onde o vice-governador, Givaldo Vieira, é petista.
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, desembarca em Vitória hoje para negociar uma eventual permanência na base do governo de Casagrande. O diálogo também pode girar em torno de um possível apoio do PSB ao ex-prefeito de Vitória e presidente regional do PT, João Coser, como candidato ao Senado.
No primeiro mandato como governador, Renato Casagrande conseguiu alcançar até novembro de 2013, uma aprovação de 49%, empatado em quarto com outros dois governadores, de acordo com uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Ibope. Casagrande demonstrou força em 2010 ao conseguir eleger 21 prefeituras, contra 13 do PMDB, 8 do PDT, enquanto o PT ocupou apenas seis, junto ao PSDB. Entretanto, todo esse cacife pode ficar prejudicado em caso de racha com o PT.
Apesar de não confirmar que tentará a reeleição, o governador tem participado constantemente de inaugurações de obras no interior do estado, sinal claro de intenções de reeleição.
Nas mãos do ex
As possíveis candidaturas ficam por conta do ex-governador, Paulo Hartung, e do senador Ricardo Ferraço, ambos do PMDB, e, correndo por fora, o senador Magno Malta (PR), que também já demonstrou o interesse em tentar a eleição, e pelo PSDB, Guerino Balestrassi, ex-presidente do Banco do Espírito Santo.
O nome mais forte do PMDB é Paulo Hartung, que precedeu Renato Casagrande, e conseguiu a maior votação proporcional das eleições de 2006, 77%. No final do segundo mandato, ele anunciou que se afastaria da vida política, mas mesmo assim, continuou com influência dentro do estado e pode voltar aos palanques em 2014.
O que ainda parece incerto é de que lado Hartung ficará, já que o PMDB é aliado nacional do PT, mas o ex-governador mantem diálogo com Aécio Neves e pode formar um palanque tucano no Espírito Santo.
Já o senador Ricardo Ferraço entra como segunda opção do PMDB. Ele chegou a ser anunciado como pré-candidato para o governo nas últimas eleições, mas teve seu nome vetado pelo partido e apoiou a eleição de Renato Casagrande. Com isso, disputou a vaga para o Senado e foi eleito com 1,5 milhão de votos.
Desde abril do ano passado, o também senador Magno Malta vem anunciando o desejo de ser governador .
Histórico lembrado
Como governador, entre 2003 e 2010, Paulo Hartung (PMDB) deixou o poder com uma aprovação alta. Além disso, Hartung conseguiu em 2006 ser reeleito com a maior votação proporcional do País. Mesmo sem mandato há mais de três anos, ele ainda é apontado pela mídia capixaba como figura influente dentro do governo local. Também está a favor do ex-governador o fato do senador Ricardo Ferraço, também cogitado, ter trajetória política mais recente.
Uma decisão polêmica
Além da decisão tomada por Eduardo Campos, contribui para o mal-estar entre PT e PSB o posicionamento dos petistas em relação a um tema polêmico no Espírito Santo, a cobrança de pedágio na Terceira Ponte que liga Vitória a Vila Velha.
A relação ficou desgastada depois que a bancada do PT na Assembleia Legislativa votou pelo fim da cobrança de pedágio na ponte.
O episódio ficou marcado por protestos no legislativo local, que tinham como intenção acabar com a cobrança.
Candidaturas para o Senado não faltam
Tanto Ricardo Ferraço (PMDB), quanto Magno Malta (PR) teriam a favor mais quatro anos de mandato no Senado. Isso facilitaria uma candidatura ao governo do Espírito Santo sem perder a vaga no Congresso.
Para a única vaga, até mesmo Paulo Hartung é especulado, apesar da sua provável candidatura ao governo. Também entram no páreo o ex-prefeito de Vitória, João Coser e a senadora Ana Rita Esgário, ambos do PT. A parlamentar herdou o mandato quando o governador Renato Casagrande foi eleito em 2010 e é quem não tem vaga garantida a partir de 2015.
Assim como para o governo, o PSDB entraria como azarão devido a pouca representatividade no estado. São cotados para a candidatura de Sérgio Aurick, coronel reformado da Polícia Militar e também a ex-deputada federal Rita Camata, candidata a vice-presidência, com José Serra, em 2002, que ainda pode ser convencida a disputar as eleições. Em 2010, ela tentou esse caminho, mas com 10% dos votos, foi derrotada por Magno Malta.