THAÍSA OLIVEIRA
BRASÍLIA, DF
O ex-diretor-geral da PRF (Polícia Rodoviária Federal) Silvinei Vasques afirmou à CPI do 8 de janeiro nesta terça-feira (20) que a corporação é alvo da “maior injustiça” da história, e que a região Nordeste concentra a maior frota de ônibus do país.
Primeiro depoente da CPI, Vasques foi convocado por causa das fiscalizações em rodovias federais no segundo turno das eleições. A suspeita é de que, sob comando dele, a PRF tenha tentado dificultar a chegada de eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) às urnas.
“Isso não é verdade. Porque é no Nordeste brasileiro é que temos nove estados, nove superintendências. Temos a maior estrutura da PRF no Brasil, a maior quantidade de unidades da PRF”, afirmou em depoimento.
“Nos estados do Nordeste estão lotados o maior efetivo da instituição [PRF] e lá está a maior malha viária de rodovias federais. O maior número de acidentes e a maior frota de ônibus no Brasil”, completou, negando que a corporação tenha tentado atrapalhar eleitores.
Desde o ano passado, ele é investigado por três atos, todos relacionados a um possível favorecimento ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a campanha eleitoral. Ele foi exonerado do cargo no dia 20 de dezembro.
Além da suspeita em torno da operação da PRF -sobretudo em cidades da região Nordeste- Vasques declarou voto em Bolsonaro na manhã do segundo turno, e é acusado de ter sido leniente durante o bloqueio de estradas após a vitória de Lula.
Com o depoimento de Vasques, a base de Lula na CPI quer trazer Bolsonaro e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres para o centro das investigações. Com a vitória de Lula, Torres voltou a ser secretário de segurança pública do Distrito Federal e estava à frente da pasta em 8 de janeiro.
A CPI também aprovou nesta terça-feira a convocação do ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) Gonçalves Dias, do ex-chefe da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Saulo Moura da Cunha e do coronel do Exército Jean Lawand Junior.