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Política & Poder

‘Rei do Lixo’ movimentou R$ 80,2 milhões em transações suspeitas, aponta Coaf

A informação consta na decisão do ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a terceira fase da Overclean

Redação Jornal de Brasília

09/04/2025 6h27

rei

O empresário do setor de limpeza urbana José Marcos Moura, o “Rei do Lixo”, apontado como articulador político e “operador de influência” do esquema de desvio de emendas investigado pela Polícia Federal na Operação Overclean, movimentou R$ 80,2 milhões em transações suspeitas.

O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) analisou as movimentações financeiras do empresário e apontou também que ele transferiu R$ 435 mil para uma “autoridade com prerrogativa de foro”.

A informação consta na decisão do ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a terceira fase da Overclean, deflagrada na semana passada. A identidade da autoridade não é relevada no documento.

José Marcos Moura seria um dos líderes do “núcleo central” do esquema de desvio de emendas. Ele é descrito na investigação como uma pessoa influente e bem relacionada no mundo político, sobretudo junto a prefeituras baianas. Mas não só. Segundo a Polícia Federal, o empresário teria interferido em nomeações até na prefeitura de Belo Horizonte.

“José Marcos Moura exerce papel de liderança e articulação central dentro da ORCRIM. É responsável pelo financiamento das operações ilícitas, pela coordenação das atividades criminosas e pela expansão da influência da organização, sobretudo dentro da administração pública”, afirma a PF em um dos relatórios do inquérito.

O “Rei do Lixo” chegou a ser preso na investigação, mas conseguiu habeas corpus para aguardar a conclusão do inquérito em liberdade. Ele foi alvo de buscas novamente na terceira fase da Operação Overclean. A PF chegou a pedir um novo mandado de prisão contra o empresário, mas o ministro Kassio Nunes Marques negou.

“Da análise dos autos, observo que não houve demonstração de fatos novos, ocorridos posteriormente ao deferimento das medidas cautelares diversas das prisões pelo Tribunal Regional Federal da Primeira Região, que impusessem, na atual fase do procedimento investigatório, o restabelecimento das custódias preventivas”, justificou o ministro.

Mais de 100 pessoas são suspeitas de envolvimento no esquema. Dezenas de codinomes mencionados em planilhas apreendidas nas primeiras fases da investigação, deflagradas em dezembro de 2024, estão sendo gradativamente decifrados.

Segundo cálculos atualizados da PF e da Controladoria-Geral da União (CGU), o esquema de fraudes em contratos e superfaturamento de obras investigado na Operação Overclean movimentou cerca de R$ 1,4 bilhão.

Estadão Conteúdo

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