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Política & Poder

Radicalização pode explicar revés de Bolsonaro no Datafolha, diz Lira

Lira também foi perguntado sobre os alertas feitos pelo presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Edson Fachin

FolhaPress

27/05/2022 13h14

Foto: Divulgação

Danielle Brant
Brasília, DF

O desempenho do presidente Jair Bolsonaro (PL) na pesquisa Datafolha pode ter sido reflexo de acenos à base mais radical da direita, disse o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ressaltando que o mesmo acontece quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) faz gestos à ala mais radical da esquerda.

Lira participou de programa da rádio Bandeirantes na manhã desta sexta-feira (27). Ele foi questionado sobre o resultado do levantamento divulgado nesta quinta-feira (26), que mostrou Lula com 21 pontos percentuais de vantagem sobre o presidente.

O petista lidera a disputa presidencial com 48% das intenções de voto no primeiro turno, ante 27% de Bolsonaro.

Lira foi questionado especificamente sobre se o resultado de Bolsonaro no levantamento poderia refletir a graça concedida ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) no final de abril. Em resposta, afirmou que o país está polarizado à esquerda e direita.

“Quando os dois candidatos fazem gestos às suas alas mais radicais, eles perdem espaço”, disse, citando discurso do petista contra a independência do Banco Central, a reforma trabalhista e privatizações, além de falas incentivando a volta do imposto sindical e no MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra).

Lira disse que, quando isso ocorreu, “o presidente Bolsonaro saiu tirando quatro, cinco pontos por mês nas pesquisas.”

O presidente da Câmara fez referência a pesquisas não divulgadas feitas na semana em que Bolsonaro perdoou Silveira. “Naquela semana, isso não repercutiu”, disse, antes de acrescentar que “toda vez que o presidente Bolsonaro fala mais na linha dos mais radicais da direita, isso pode influir.”

“Fatos mais radicais de parte a parte prejudicam momentaneamente aquele candidato”, avaliou. “O candidato Lula saiu perdendo muitos pontos quando começou a falar diretamente ao seu público daqueles que não pode se separar, e fatos que o presidente Bolsonaro pode ter feito podem ter influído nessa questão.”

Para Lira, quem vai decidir a disputa de outubro é o eleitor moderado. “Os brasileiros que querem previsibilidade e que vão escolher o que cada um representa. Com a polarização nesse nível no Brasil, os que ficam ao centro, que são os 33%, 34% de eleitores, é que vão decidir o que cada um representa.”

O deputado ponderou que ainda está cedo para ter alguma avaliação mais segura sobre as eleições e disse que muitos fatos ainda vão acontecer.

“Não é fácil para qualquer país discutir eleição numa crise energética, inflacionária mundial, mas que aqui no ano de eleição ninguém quer saber”, defendeu. “O eleitor lá na ponta, no Nordeste ou no Norte, que vai no supermercado e não consegue comprar um quilo de carne, que vai num posto e não consegue abastecer, ele não quer saber se o problema é lá nos EUA também, com 9% [de inflação], na Inglaterra com 9%, na Argentina com 60%. Ele quer saber que no Brasil ele não está comprando.”

Ele criticou a campanha que circula nas redes sociais e que mostra a perda de poder de compra do brasileiro ao longo do governo Bolsonaro. “Olha, gente, pelo amor de Deus. Naquela época não tínhamos crise, não tínhamos pandemia, não tínhamos guerra, não tínhamos nada. Tínhamos um mundo em ascensão.

Lira também foi perguntado sobre os alertas feitos pelo presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Edson Fachin, ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sobre o código eleitoral aprovado a toque de caixa pela Câmara em setembro do ano passado.

Ele disse não ter ouvido falar sobre o assunto, mas defendeu que cabe ao Congresso elaborar, votar e fazer as leis que vigoram no país. “Nenhum parlamentar gosta quando vê a Justiça Eleitoral fazer resoluções que mudem a interpretação das leis que nós votamos.”

O deputado afirmou que “consultas e resoluções, quando vêm do TSE, não são sempre bem-recebidas pelo Congresso Nacional”.

Além disso, argumentou que o Senado poderia ter votado os 898 artigos no ano passado, pois “750 artigos foram só reprodução das leis que já existem” e apenas “cento e poucos artigos” tiveram mudanças.

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