FOLHAPRESS
O senador Weverton Rocha (PDT-MA), 46, foi alvo de busca da Polícia Federal em uma nova fase da Operação Sem Desconto, que investiga fraudes em descontos sobre aposentadorias e pensões de beneficiários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
Rocha é senador pelo PDT do Maranhão desde 2018, ex-aliado de Flávio Dino e atual líder do partido no Senado. A PF o identificou como suspeito de ser beneficiário final e sócio oculto de esquema de operações financeiras de organização criminosa investigada pelos descontos no instituto.
TRAJETÓRIA POLÍTICA DE WEVERTON ROCHA
Ele ocupa uma cadeira no Senado pelo Maranhão desde 2018, quando foi eleito com 34,91% dos votos válidos, com apoio do então governador Flávio Dino, hoje ministro do Supremo Tribunal Federal. Quatro anos depois, Rocha concorreu ao governo maranhense e perdeu para o candidato de Dino, o atual governador Carlos Brandão (PSB).
Durante a campanha, quando esteve licenciado do Senado por 120 dias, o parlamentar compôs chapa com partidos tradicionalmente alinhados à direita -PTB, PL, Agir, Republicanos e PROS.
SENADOR CONTRATOU SUSPEITO POR FRAUDE DO INSS
O senador contratou em seu gabinete o gaúcho Adroaldo da Cunha Portal, atual secretário-executivo do Ministério da Previdência Social, que foi preso pela PF na manhã desta quinta-feira (18). Ambos são quadros com história no PDT, sendo que Rocha está no partido há 30 anos.
Em nota, o gabinete de Rocha afirma que o senador recebeu com surpresa a busca na sua residência. “Ele se coloca à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas assim que tiver acesso integral à decisão.”
A casa de Weverton em Brasília é um dos endereços de busca e apreensão. Não houve ações no gabinete do parlamentar no Senado.
Líder do PDT no Senado e um dos vice-líderes do governo Lula (PT), Weverton está no centro da operação desta quinta. Ele entrou na mira de integrantes da CPI do INSS depois que pessoas ligadas a ele apareceram nas investigações sobre o esquema de fraudes.
NOVA FASE DA OPERAÇÃO SEM DESCONTO
No total, os investigadores cumpriram 16 mandados de prisão preventiva e 52 de busca e apreensão. A ação da PF e da CGU (Controladoria-Geral da União) foi autorizada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) André Mendonça, relator do caso.
A Polícia Federal apreendeu, durante as buscas, armas como pistola, carabina e fuzil, quantias em dinheiro em espécie ainda não divulgadas, carros de luxo e relógios. As autoridades não apontaram o que foi encontrado na casa do senador maranhense.
Os mandados foram cumpridos em São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais e Maranhão, além do Distrito Federal.
CONTATO COM CARECA DO INSS
Ainda no curso da operação, as autoridades prenderam Romeu Carvalho Antunes, filho do empresário Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS.
Acusado de ser um dos operadores do esquema, Antonio Carlos declarou à CPI do INSS que foi a um churrasco de costela na casa do senador, quando teria falado com ele sobre a regulação da venda de derivados de cannabis -ou seja, uma atividade de representação empresarial sem ligação com descontos em aposentadorias.
O Careca do INSS também disse que esteve no gabinete do senador em outras ocasiões, mas que não conversou com o político. O interlocutor teria sido Adroaldo, secretário-executivo do Ministério da Previdência, que, à época, trabalhava no gabinete de Weverton. A visita também teria sido para tratar sobre o mercado de cannabis.
Diante das suspeitas sobre o envolvimento de Weverton, a CPI requisitou ao Senado a lista de gabinetes visitados por Antunes. A relação nunca foi tornada pública porque a Advocacia do Senado elaborou um parecer alegando se tratar de informação sigilosa.
OUTRO EX-ASSESSOR
Um ex-assessor de Weverton também apareceu nas apurações. Gustavo Gaspar teria assinado uma procuração de movimentação de contas bancárias e entregado para Rubens Oliveira, apontado como um operador dos descontos irregulares.
O QUE AS AUTORIDADES INVESTIGAM
Segundo a PF, as ações buscam aprofundar as investigações da Operação Sem Desconto e esclarecer a prática dos crimes de inserção de dados falsos em sistemas oficiais, constituição de organização criminosa, estelionato previdenciário e atos de ocultação e dilapidação patrimonial.
De acordo com as investigações, as entidades descontaram o valor estimado de R$ 6,3 bilhões, entre 2019 e 2024.